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Revisão sistemática apresenta correlação entre a extensão extranodal radiológica e patológica no câncer orofaríngeo associado ao HPV

As infecções por HPV de alto risco podem causar câncer nas partes do corpo onde as células são infectadas, como a orofaringe (trecho da garganta logo atrás da boca). O carcinoma espinocelular de orofaringe associado ao papilomavírus humano (HPV[+]OPSCC) requer mais pesquisas para otimizar o sistema de estadiamento clínico existente e orientar a seleção do tratamento.

Para aprofundar o tema, foi publicado em setembro na Wiley o estudo “Correlation between radiologic and pathologic extranodal extension in HPV-associated oropharyngeal cancer: Systematic review”, no qual pesquisadores realizaram uma revisão sistemática para compreender se o pré-tratamento da extensão extranodal (ENE) tem implicações clínicas significativas no carcinoma espinocelular de orofaringe (OPSCC) positivo para papilomavírus humano (HPV+).

Na metodologia utilizada, os critérios de inclusão foram identificados e selecionados com a ajuda de um bibliotecário científico, com data de corte de 18 de maio de 2021. A pesquisa foi realizada nos bancos de dados eletrônicos MEDLINE (PubMed), Embase (Ovid), Cochrane Central Register of Controlled Trials (via Cochrane Library), Web of Science e Scopus (apenas pesquisas em inglês fizeram parte).

Um total de 1772 citações foram recuperadas na busca inicial. Após a triagem dos títulos e resumos, seis estudos foram incluídos na revisão, sendo quatro elegíveis para metanálise e dois submetidos à síntese narrativa. 

A convite do GBCP para comentar esse estudo, a médica radiologista Dra. Gislaine Machado Porto, do Departamento de Diagnóstico por Imagem e do Centro de Referência de Tumores de Cabeça e Pescoço do A.C.Camargo Cancer Center, observa que “todos os pacientes tinham confirmação histopatológica nesses linfonodos suspeitos, o que é muito interessante”, afirma.

Segundo Dra. Gislaine, o grupo de pesquisa acertou em inserir pacientes que não haviam sido submetidos a uma terapia, quimioterapia ou radioterapia, porque alterações pós-terapêuticas podem confundir, principalmente as da gordura de pele linfodomodal – principal critério para avaliar se vai ter ou não extensão extracapsular. Mas ela alerta que “devido ao pequeno número de casos incluídos, não se conseguiu agrupar todas as diferentes modalidades na análise da metanálise”.

A especialista ainda observa que “a resposta para avaliar o melhor método em pacientes com câncer orofaríngeo associado ao HPV persiste em aberto”. A profissional conclui que este estudo tem um impacto ao reforçar a tomografia como um método muito bom de primeira escolha na avaliação de OPSCC. “É rápido, barato, disponível e tem um desempenho moderado regular pra avaliação a extensão extracapsular”, diz.

 

 

Referência do estudo

 

Morey T, Hodge J-C, Stern C, Krishnan S, Foreman A. Correlation between radiologic and pathologic extranodal extension in HPV-associated oropharyngeal cancer: Systematic review. Pescoço. 2022;44(12): 2875-2885. doi:10.1002/hed.2718.

 

O estudo também foi comentado em episódio do Conexão Cabeça e Pescoço, o nosso podcast, em formato de pílulas.  Confira:

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Quais são as causas e sintomas do câncer de laringe?

O câncer de laringe é um dos tipos mais comuns de câncer de cabeça e pescoço. A laringe está localizada entre a base da língua e a traqueia e o câncer nessa região pode se desenvolver nas três áreas que formam a laringe: a supraglote, a glote e a bubglote. Na maioria dos casos o tumor se desenvolve na glote, onde estão localizadas as cordas vocais.

A doença é mais prevalente em homens acima dos 50 anos e existem alguns fatores de risco importantes que predispõem ao desenvolvimento do câncer de laringe. Esses fatores em sua maioria podem ser evitados com a adoção de algumas atitudes.

 

Entenda quais sãos esses fatores:

O fumo e o álcool são os principais fatores de risco, sendo que o fumo aumenta em 10 vezes a chance de desenvolvimento do câncer de laringe.

A infecção pelo vírus HPV – Papilomavírus Humano, transmitido principalmente pelo contato sexual (nesse caso oral) também é considerado um fator de risco. Além desses, o refluxo gastroesofágico, uma doença crônica, também pode levar ao desenvolvimento do câncer

 

Sintomas do câncer de laringe:

Alguns sintomas podem indicar a suspeita de um câncer de laringe e eles podem ser diferentes a depender da localização do tumor. Por exemplo, a dor de garganta, principalmente durante a alimentação, pode indicar um câncer na supraglote e a rouquidão um tumor na glote ou subglote.

O câncer supraglótico geralmente é acompanhado de outros sinais, como alteração na qualidade da voz, dificuldade de engolir e sensação de “caroço” na garganta. Nas lesões avançadas das cordas vocais, além da rouquidão, podem ocorrer dor na garganta, disfagia mais acentuada e dispneia (dificuldade para respirar ou falta de ar).

Possíveis sintomas:

  • dor de garganta persistente
  • rouquidão persistente
  • alteração na qualidade da voz
  • dificuldade de engolir
  • sensação de “caroço” na garganta
  • nódulo (caroço) no pescoço

 

Na maioria das vezes, esses sintomas não são causados por câncer, mas se eles persistirem por mais de duas semanas é importante procurar avaliação médica. Se houver suspeita de câncer de laringe, o médico vai solicitar alguns exames para diagnóstico, como a laringoscopia e exames de imagem (tomografia, ressonância magnética) e, se necessário, uma biópsia da lesão para confirmar ou descartar o diagnóstico.

O tratamento do câncer de laringe vai depender do estágio da doença e das condições clínicas do paciente, podendo ser indicada a cirurgia, combinada com radioterapia ou quimioterapia após a cirurgia para reduzir as chances de recidiva do câncer.

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Estudo traz classificação de tumores nasossinusais por meio de algoritmo de aprendizado de máquina baseado em padrões de metilação do DNA

Os tumores nasossinusais são muito raros e representam cerca de 2% de todas as neoplasias malignas. Sendo uma doença incomum, poucos estudos estão disponíveis para definir a melhor abordagem terapêutica. Pensando nisso, foi desenvolvida uma metodologia que resultou em pesquisa publicada em novembro na revista científica Nature Communications.

Intitulado DNA methylation-based classification of sinonasal tumors, o trabalho buscou trazer uma nova classificação dos tumores nasossinusais, ajudando a mudar a percepção atual dos carcinomas indiferenciados nasossinusais. Os pesquisadores utilizaram um algoritmo de aprendizado de máquina baseado em padrões de metilação do DNA para classificá-los com confiabilidade de grau clínico.

Para o estudo, foi coletado cortes de 395 tumores nasossinusais e diagnósticos diferenciais relevantes abrangendo 18 diferentes entidades definidas histologicamente. Já para testar se a classificação tumoral baseada na metilação do DNA para carcinomas indiferenciados nasossinusais (SNUCs) era aplicável, obtiveram cortes de 429 perfis de metilação do DNA de alta qualidade de tumores nasossinusais e tecido normal. Para a análise, um total de 18 classes epigenéticas distintas e estáveis ​​foram identificadas.

Os autores concluíram que tumores nasossinusais com morfologia SNUC não são tão indiferenciados quanto a terminologia atual sugere, mas sim reatribuída a quatro moléculas, de classes distintas, definidas por perfis epigenéticos, mutacionais e proteômicos.

Convidado pelo GPCP para comentar este estudo, o médico patologista do A.C.Camargo Cancer Center, Dr. Felipe D’Almeida Costa,  coordenador médico de Educação da Patologia da DASA e Vice-Presidente para Assuntos Acadêmicos da Sociedade Brasileira de Patologia, avalia a metodologia como revolucionária no auxílio de diagnóstico de alguns tipos de tumores. “Junto com a publicação desse artigo, vem também a disponibilidade online de um website para executar esse algoritmo de ventilação. Pode-se pegar os arquivos brutos e submeter no site www.aimethylation.com”, explica.

Ainda conforme Felipe, a metodologia empregada é robusta e “vai ajudar a classificar esses tumores, além de trazer uma precisão muito maior e direcionando os pacientes para o tratamento adequado”, esclarece.

No Brasil, algumas instituições estão utilizando o perfil de ventilação – mais voltada para a pesquisa, como é o caso da Universidade de São Paulo (USP). A DASA começou a fazer de forma comercial.

O médico patologista finaliza dizendo que este é um artigo desenhado e construído de uma forma muito interessante. “Eu realmente gostaria de ter a oportunidade de testar alguns casos, para executar algoritmos neles, até para testar se estamos fazendo diagnóstico destes tumores de forma correta”, pontua.

 

Referência do estudo

JURMEISTER, Philipp. DNA methylation-based classification of sinonasal tumors. Nature Communications, 2022.

Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41467-022-34815-3

 

 

O estudo também foi comentado em episódio do Conexão Cabeça e Pescoço, o nosso podcast, em formato de pílulas. Confira: 

 

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Tumor na paratireoide: o que é importante saber

No nosso corpo existem quatro pequenas glândulas que são responsáveis por regular os níveis de cálcio no organismo, elas são chamadas de paratireoides. O câncer também pode se desenvolver nessa região, apesar de ser raro. A maioria dos tumores nas glândulas paratireoides são benignos: os adenomas ou hiperplasias.

Uma das principais condições que podem indicar a suspeita de um câncer nessa região é a hipercalcemia, o aumento da quantidade cálcio no sangue, o que traz sintomas como cansaço fraqueza e sonolência. O aumento do cálcio ocorre porque a célula cancerígena produz excesso do hormônio PTH (hiperparatireoidismo), que retira cálcio do osso para o sangue.

 

Fatores de Risco

Não há um consenso sobre os fatores de risco que estão relacionados especificamente ao desenvolvimento de adenomas ou de câncer de paratireoide. No entanto, observa-se algumas mutações genéticas em casos raros da doença, como nos genes FIHP e MEN1.

 

Sintomas

Ao perceber alguns dos sintomas, é importante procurar um otorrinolaringologista ou um especialista em cirurgia de cabeça e pescoço.

  • Dor, especialmente nos ossos;
  • Fadiga ou sonolência;
  • Dificuldades para falar ou de engolir alimentos;
  • Hipercalcemia – aumento repentino do nível de cálcio no sangue;
  • Problemas renais, incluindo pedras nos rins;
  • Perda de apetite;
  • Sede intensa;
  • Micção frequente;
  • Fraqueza muscular;
  • Caroço no pescoço.

 

Diagnóstico

Geralmente, esse tipo de câncer não apresenta sintomas iniciais e tem  crescimento lento, por isso, em grande parte dos casos é diagnosticado durante a investigação ou tratamento de alguma outra doença.

O diagnóstico pode ser feito por exames de rotina em pacientes sem sintomas

Quando o paciente apresenta sinais de hipercalcemia (aumento do cálcio no sangue), são solicitados exames de sangue, raios-X, cintilografia, utrassonografia, ressonância ou  tomografia computadorizada, mas a confirmação do diagnóstico só acontece após o procedimento cirúrgico com a biópsia, que é a analise microscópica da amostra da lesão.

 

Tratamento

As opções de tratamento dependem das características do tumor e estado clínico do paciente.

O principal tipo de tratamento indicado é a cirurgia para a retirada do tumor. Antes dela, o paciente pode precisar tomar medicamentos para controlar a quantidade de cálcio no sangue até que o procedimento seja feito.

Em algumas situações de doença avançada podem ser indicadas a quimioterapia ou a radioterapia como tratamento complementar.

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A importância do protetor solar labial na prevenção do câncer de cabeça e pescoço

E chegou o verão, a estação mais solar do ano. Todos os anos, a campanha #DezembroLaranja surge para conscientizar a população sobre a importância da prevenção  para evitar o desenvolvimento do câncer de pele, mas precisamos também incluir aqui o câncer de lábio.

O câncer de pele é o mais prevalente na população brasileira e a principal causa é a exposição ao sol sem proteção, assim como ocorre com o câncer de lábio, que pode se manifestar em toda a região dos lábios, mas é mais comum no lábio inferior.

Geralmente, o câncer de lábio é precedido de uma lesão benigna com potencial de malignidade, a Queilite Actínica, que surge em razão da exposição ao sol prolongada e ao longo da vida sem proteção. Quando as células se modificam e se tornam cancerosas, na maioria das vezes apresenta no início alguns sinais como descamação (aquela pele bem fina que solta dos lábios) que pode evoluir para feridas que não cicatrizam. Também pode apresentar inchaço, manchas brancas e vermelhas, bolhas, sensação de queimação, nódulos, sangramento e dor.

Ao observar algum desses sintomas é fundamental procurar avaliação médica, de um especialista de cabeça e pescoço ou de um dermatologista.

Tanto as pessoas de pele clara como também as de pele morena ou negra podem desenvolver a doença e devem sempre estar atentas.

 

Saiba quais são os 3 principais fatores de risco e as formas de prevenção do câncer de lábio:

  • Exposição ao sol: o contato com os raios ultravioletas do sol é acumulativo e os danos podem aparecer a longo prazo, por isso, evite a exposição ao sol em horários de maior intensidade dos raios UV, das 10 horas às 16 horas. Utilize protetor solar labial e corporal com fator de proteção acima de 30, chapéu e bonés.
  • Tabagismo: Não fume nenhum produto derivado do tabaco (cigarro, narguilé, charuto, cachimbo, cigarro de palha)
  • Bebidas alcoólicas: o consumo deve ser com moderação
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Traqueostomia no paciente com câncer de cabeça e pescoço

Em alguns casos, quando o câncer se desenvolve na região da garganta, é necessária a realização de um procedimento cirúrgico chamado traqueostomia, que é uma abertura realizada na traqueia para a colocação de um tubo (cânula) que vai permitir a passagem do ar até chegar aos pulmões.

Isso é necessário, pois alguns pacientes podem ter dificuldade para respirar após a realização da cirurgia para a retirada do tumor. Na maioria dos casos em que a traqueostomia é necessária em pacientes com câncer de cabeça e pescoço ela é definitiva e, por isso, o paciente vai precisar aprender a ter alguns cuidados específicos.

Os pacientes podem levar algum tempo para se adaptar à traqueostomia, isso é natural e vai passar. É importante voltar a rotina e entender os cuidados necessário para evitar qualquer intercorrência.

Existem alguns tipos de cânulas que podem ser utilizadas: a metálica, a plástica com balão (cuff), a plástica sem balão. A indicação da melhor opção é feita pelo médico.

Quando a cânula metálica é utilizada, em alguns casos, será necessário substituí-la pela cânula plástica, são eles: na realização de Ressonância Magnética, Tomografias de cabeça e pescoço, radioterapia ou conforme indicação médica.

 

A comunicação com a traqueostomia

A traqueostomia não traz impactos nas cordas vocais. É possível utilizá-las para se comunicar. Nesse caso, quando for falar cubra a saída da cânula de traqueostomia com o dedo

Caso não seja possível a comunicação verbal, utilize outras formas de comunicação: expressões faciais, comunicação escrita, use uma caneta e um papel para se comunicar.

 

Cuidados durante a alimentação

  • Procure estar sentado durante a alimentação.
  • Corte a comida em pedaços pequenos
  • Coma devagar e mastigue bem os alimentos antes de engolir
  • Procure beber muita água para ajudar na hidratação
  • Interrompa a alimentação se perceber que houve escape de comida pelo orifício da cânula de traqueostomia e procure imediatamente o hospital.

 

Aqui trazemos alguns procedimentos necessários a serem realizados pelo paciente/cuidador para a manutenção da cânula e evitar a sua obstrução:

  • Sempre lavar as mãos antes de manipular a cânula
  • Procure sempre usar o protetor da cânula para evitar que entre poeira. O acessório é usado ao redor do pescoço cobrindo a cânula
  • Nunca retire o conjunto de cânula. Caso o conjunto saia, procure imediatamente a emergência do hospital
  • Sempre lave as mãos antes e após manipular a cânula
  • Retire o intermediário e lave muito bem, removendo as sujidades, secreção acumulada. Utilize escovinha própria para retirar secreções aderidas, este procedimento deve ser realizado 4x ao dia
  • Limpe bem a região do pescoço no momento do banho ou quando necessário
  • Troque o cadarço ou fixador de cânula sempre que estiver sujo, mantenha ele fixo para evitar que no caso de tosse a cânula saia
  • Recoloque o intermediário dentro da cânula que está no seu pescoço e nunca deixe a sua cânula sem o intermediário
  • Coloque duas gazes entre a pele do pescoço e a cânula para prevenir lesões e troque sempre que estiverem sujas ou úmidas
  • Realize inalação com SF0,9% pelo menos 3x ao dia para fluidificar a secreção e reduzir o risco de formação de secreção
  • Beba bastante água para hidratar
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Ensaio avaliou uso de cabecitabina adjuvante após quimiorradioterapia concomitante em pacientes com carcinoma nasofaríngeo avançado

A capecitabina é um medicamento que tem melhor toxidade com perfil de manejo mais palatável, aponta estudo publicado em outubro na revista científica JAMA Oncology. O trabalho multicêntrico chinês “Adjuvant Capecitabine Following Concurrent Chemoradiotherapy in Locoregionally Advanced Nasopharygeal Carcinoma”, avaliou o papel da capecitabina como terapia adjuvante em carcinoma nasofaríngeo.

 

A análise incluiu 180 pacientes, com 143 deles [79,4%] homens – com idade mediana de 47 [40-55] anos. Os pacientes foram recrutados de 31 de março de 2014 a 27 de julho de 2018 em três instituições na China, com pelo menos três anos de acompanhamento. A data de corte da coleta de dados foi 9 de fevereiro de 2022. Os pacientes foram aleatoriamente designados para receber Capecitabina (duas vezes ao dia por 14 dias, a cada 3 semanas, por 8 ciclos) ou observação após quimiorradioterapia a cada 3 semanas por 2 a 3 ciclos, dependendo da duração da radioterapia.

 

Para avaliar esses resultados, o convidado pelo GBCP é o oncologista clínico Daniel Oliveira Brito, membro da American Society of Clinical Oncology (ASCO) e médico titular do Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB). Na opinião Daniel Brito, três pontos são importantes nessa pesquisa chinesa. “O estudo não levou em consideração a quimioterapia de indução, que já é uma realidade em pacientes com carcinoma de nasofaringe localmente avançado, principalmente em pacientes de alto risco”, explica. Brito ressalta que pacientes de 2014 a 2018 participaram da pesquisa e existem alguns estudos mais recentes, o que de alguma forma impacta na interpretação dos resultados para entender o benefício da terapia.

 

O oncologista aponta também para o benefício em sobrevida global. “Em outro estudo publicado ano passado, com capecetabina e em um regime metronômico, houve ganho de sobrevida global”, aponta. Por último, Dr. Daniel Brito afirma que existem poucos eventos para analisar uma população pequena, de 180 pacientes, assim como questiona se isso será utilizado na prática e qual é a população de fato que vai se beneficiar dessa estratégia.

 

Referência do estudo

Miao J, Wang L, Tan SH, Li JG, Yi J, Ong EHW, Tan LLY, Zhang Y, Gong X, Chen Q, Xiang YQ, Chen MY, Guo Y, Lv X, Xia WX, Tang L, Deng X, Guo X, Han F, Mai HQ, Chua MLK, Zhao C. Adjuvant Capecitabine Following Concurrent Chemoradiotherapy in Locoregionally Advanced Nasopharyngeal Carcinoma: A Randomized Clinical Trial. JAMA Oncol. 2022 Oct 13:e224656. 

 

O estudo também foi comentado em episódio do Conexão Cabeça e Pescoço, o nosso podcast, em formato de pílulas.  Confira:

 

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Mitos e verdades sobre o câncer

O câncer ocorre quando as células de algum órgão ou tecido do corpo começam a se multiplicar desordenadamente e sem controle. O câncer não é uma doença única, existe mais de 100 tipos de câncer que podem se desenvolver em qualquer parte do corpo, com características e comportamentos diferentes.

A classificação do câncer é feita de acordo com seu tipo, considerando a origem celular e localização primária, ou seja, o local onde ele teve origem, por exemplo: mama, pulmão, próstata.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca) são estimados 625 mil novos casos de câncer esse ano Brasil. Por isso, é muito importante saber mais sobre a doença e estar atento aos fatores de risco e de prevenção.

Confira os principais mitos e verdades sobre o câncer:

Todo nódulo ou tumor é câncer?
Mito. Nem todo nódulo ou tumor é câncer.  Ao observar alguma alteração no organismo, busque avaliação médica.

 

O câncer é contagioso?
Mito. Mesmo os tipos de câncer que são causados por vírus não são contagiosos, ou seja, não são transmitidos entre as pessoas.

 

O tabagismo é um dos principais fatores de risco para desenvolvimento do câncer?
Verdade. O tabagismo é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer.  

 

A alimentação pode ser fator de risco para o desenvolvimento do câncer?
Verdade. Alimentos industrializados, ultraprocessados, embutidos, ricos em sódio e açúcar influenciam no desenvolvimento do câncer. Entre eles estão: biscoitos recheados, salgadinhos, presunto, mortadela, salame, lasanhas e pizzas congeladas, macarrão instantâneo, bebidas açucaradas.

 

O câncer é hereditário?
Pode ser. Em cerca de 10% dos casos a origem tem relação com alterações genéticas, ou seja, a pessoa ao nascer já tem uma mutação do gene herdada, que indica o risco aumentado para desenvolvimento do câncer. A maioria dos cânceres não é hereditária. Os fatores de risco mais incidentes são os ambientais, aqueles que podem ser evitados, como a alimentação, o tabagismo, a obesidade, o sol sem proteção, consumo exagerado de bebida alcoólica, entre outros

 

Tristeza e ansiedade causam câncer?
Mito. Não há nenhum estudo científico que comprove essa teoria. A maioria dos casos de câncer tem como causa os fatores ambientais como alimentação desequilibrada, tabagismo, obesidade, sol sem proteção, consumo excessivo de bebida alcoólica, alguns vírus. Apenas cerca de 10% são de origem hereditária.

 

Após 5 anos do câncer, a pessoa está curada?
Mito. Existem tipos de câncer que a recidiva pode ocorrer, na maioria das vezes, nos primeiros cinco anos e outros tipos que podem ultrapassar esse período. Por isso, sempre será necessário o acompanhamento e avaliação do médico em cada caso.

 

O câncer pode ser prevenido?
Verdade. Cerca de 30% dos casos poderiam ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis, entre eles: realizar atividades físicas regularmente, manter o peso adequado, adotar alimentação equilibrada (rica em frutas, verduras e legumes e pobre em açúcares, alimentos industrializados, processados, embutidos), não fumar, evitar o consumo excessivo de álcool, não se expor ao sol sem usar proteção, usar preservativo durante a relação sexual, tomar a vacina contra o HPV.

 

O câncer tem cura?
Depende. Alguns tipos de câncer podem ser curados, e essa possibilidade está diretamente relacionada ao diagnóstico precoce, ou seja, se descoberto em estágio inicial as chances de cura são maiores.

 

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O que é nutrição enteral?

O câncer de cabeça e pescoço muitas vezes traz ao paciente limitações na alimentação em razão das sequelas dos tratamentos indicados, como a quimioterapia, a radioterapia e a cirurgia, por exemplo.

 

A perda de apetite e do paladar, a dificuldade em mastigar e engolir, as alterações gastrointestinais, a baixa imunidade, as náuseas e vômitos e até mesmo a necessidade da realização de uma traqueostomia ou a retirada cirúrgica de um tumor na região da boca ou garganta que altera a estrutura responsável pela deglutição são alguns dos responsáveis por esses impactos.

 

Quando ocorrem essas limitações, adotar intervenções nutricionais e nutrição enteral (dieta via sonda) é uma das alternativas mais eficazes para que os pacientes mantenham a alimentação necessária.

 

A nutrição enteral ocorre por meio de uma sonda, um tubo flexível que é posicionado ou implantado no intestino ou no estômago. A dieta tem consistência líquida, mas mantem o mesmo valor nutricional de uma alimentação convencional, ou seja, contém os nutrientes necessários, como vitaminas, proteínas, carboidratos, gordura, água e minerais. Ela não é  oferecida somente em ambiente hospitalar, pode ser administrada em casa, normalmente.

 

Alguns pacientes podem, a médio e longo prazo, voltar a se alimentar normalmente pela boca, já outros irão precisar desse tipo de alimentação ao longo da vida.

 

Conheça os tipos de sondas disponíveis:

  • Sonda nasoenteral em posição gástrica: o tubo flexível é introduzido pelo nariz e ligado ao estômago
  • Sonda nasoenteral em posição intestinal: o tubo flexível é introduzido pelo nariz e ligado ao intestino
  • Gastrostomia: é ligada diretamente no estômago por um pequeno orifício no abdômen
  • Jejunostomia: é ligada diretamente no jejuno, parte do intestino delgado que está localizada entre o duodeno e o íleo, por um pequeno orifício no abdômen

 

Vamos conhecer os tipos de dieta

 

Cada paciente possui uma necessidade nutricional específica, por isso, a definição dessa dieta é personalizada para cada caso, considerando a condição clínica e física de cada paciente.

  • Dieta caseira: é preparada em casa com alimentos como carne, frango, arroz, leite, legumes. Deve-se ter um controle muito rigoros em relação à higienização dos alimentos e do processo de preparo. Os alimentos devem ser cozidos, liquidificados, coados e diluídos. Assim que preparada, essa dieta deve ser guardada em geladeira por até 12 horas

 

  • Dieta industrializada: dietas prontas para o uso. Podem ser líquidas ou em pó para diluição em água. A dieta quando aberta deve ser guardada na geladeira por até 24 horas. A porção de dieta que será utilizada deve ser retirada cerca de 30 minutos antes da geladeira, permanecendo em temperatura ambiente e não devendo ser aquecida.

 

Possíveis complicações da dieta

 

Podem surgir algumas complicações na utilização da dieta enteral. Entre elas estão problemas com a sonda como obstrução, além de infecções como pneumonia de aspiração do alimento. Também podem ocorrer, desidratação, déficit de vitaminas e minerais, desequilíbrio de nutrientes, diarreia, refluxo, prisão de ventre, náuseas e vômitos.

 

Por isso, é fundamental que haja o acompanhamento da equipe médica e de nutricionistas para avaliar qualquer intercorrência.

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Análise de pacientes brasileiros com carcinoma espinocelular de lábio, cavidade oral e orofaringe aponta fatores determinantes da doença

Estudo avaliou os dados clínico-patológicos de 12.099 pacientes com lesões de lábio, cavidade oral e orofaringe através de informações obtidas por meio de registros hospitalares de câncer da Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP), entre 2010 a 2015.

 

O artigo dos pesquisadores brasileiros “Epidemiology and survival outcomes of lip, oral cavity, and oropharyngeal squamous cell carcinoma in a southeast Brazilian population”, publicado na revista científica Medicina Oral, Patologia Oral, Cirugia Bucal apresenta detalhes do perfil epidemiológico de pacientes do sudeste brasileiro.

 

As análises foram realizadas com o software SPSS versão 22.0 (IBM Corporation, Armonk, NY, EUA). Para o estudo, foram verificados os dados qualitativos e quantitativos, enquanto o método de Kaplan-Meier foi usado para estimar as taxas de sobrevida. As informações são oriundas de 76 registros hospitalares de câncer (HCRs) do Estado de São Paulo. Entre eles, os pesquisadores encontraram um total de 368.116 casos de câncer no período entre 2010 e 2015. Destes, 12.099 pacientes foram diagnosticados com carcinoma espinocelular (CEC) de lábio, cavidade oral e orofaringe.

 

A convidada pelo GBCP para comentar a pesquisa é a Dra. Maria Paula Curado, chefe do Grupo de Epidemiologia e Estatística em Câncer (GEECAN) e do Centro Internacional de Pesquisa (CIPE) do A.C.Camargo Cancer Center. Segundo Maria Paula, “alguns fatores determinantes ficaram claros durante a pesquisa como o nível de escolaridade, estadiamento da doença e a faixa etária”.

 

Os dados recuperados do FOSP mostraram que o CEC labial, carcinoma oral de células escamosas (OSCC) e carcinoma orofaríngeo de células escamosas (OPSCC) responderam por 8,3 (998 casos), 44,6 (5.398 casos) e 47,1% (5.705 casos) dos casos avaliados, respectivamente.  Observou-se uma clara predominância do sexo masculino, sobretudo nos doentes com CEC de orofaringe (88,3%).

 

A média de idade dos pacientes foi maior para casos de lábio (65 ± 13,5 anos) em comparação com outros locais. O nível de escolaridade foi baixo para a maioria dos pacientes, principalmente nos lábios (87,9%). A maioria dos pacientes com CEC de cavidade oral (71,8%) e orofaringe (86,3%) apresentava doença em estágio avançado (III-IV). No entanto, a maioria dos casos de lábio (83,3%) foi em um estágio inicial (I-II). A excisão cirúrgica foi o principal tratamento para o CEC de lábio (72%) e cavidade oral (23,5%) e a quimiorradioterapia foi o principal tratamento para o CEC de orofaringe (40,2%). A sobrevida global (SG) em 5 anos para pacientes com CEC de lábio, cavidade oral e orofaringe foi de 66,3, 30,9 e 22,6%, respectivamente.

 

OUÇA O PODCAST COM O COMENTÁRIO DA DRA. MARIA PAULA CURADO

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Referência do estudo

Louredo BV, Vargas PA, Pérez-de-Oliveira ME, Lopes MA, Kowalski LP, Curado MP. Epidemiology and survival outcomes of lip, oral cavity, and oropharyngeal squamous cell carcinoma in a southeast Brazilian population. Med Oral Patol Oral Cir Bucal. 2022 May 1;27(3):e274-e284.

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