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A radioterapia no tratamento do câncer de cabeça e pescoço

Além da cirurgia e da quimioterapia, uma das modalidades mais indicadas para o tratamento do câncer de cabeça e pescoço é a radioterapia, um procedimento que utiliza radiações ionizantes para destruir ou diminuir o tumor ou impedir a sua progressão.

A radioterapia é fundamental no tratamento do câncer de cabeça e pescoço e muito utilizada, tanto de forma isolada ou combinada com a cirurgia ou com a quimioterapia. A indicação vai depender das características do tumor e das condições clínicas do paciente.

 Como acontece o procedimento

O equipamento utilizado para a realização da radioterapia é o Acelerador Linear, ele produz as radiações que são direcionadas ao local do tumor.

É o médico radio-oncologista quem vai fazer a avaliação do paciente para indicar a radioterapia. Por meio do resultado de um exame de tomografia computadorizada, ressonância magnética e o PET-CT, o radio-oncologista juntamente com físico médico definem o planejamento radioterápico, que consiste na delimitação do local exato que será irradiado, a proteção dos locais,a serem preservados, a quantidade de radiação e sessões necessárias, que variam entre seis e sete semanas.  Geralmente, as sessões acontecem diariamente e têm a duração de cerca de 20 minutos.

Para que a irradiação seja precisa no local do tumor, são utilizadas máscaras termomoldáveis individuais e descartáveis, que são produzidas nas medidas exatas do roto do paciente. O objetivo é isolar as demais regiões, deixando exposta apenas a região a ser irradiada.

O médico radio-oncologista fará o acompanhamento do paciente durante todo o processo para avaliar possíveis intercorrências e orientar sobre as condutas necessárias para minimizar efeitos colaterais do tratamento, caso ocorram.

Após o término de todas as sessões indicadas, são realizados novos exames para avaliar o resultado do tratamento.

Efeitos colaterais do tratamento com radioterapia

Alguns efeitos colaterais podem surgir durante o tratamento radioterápico.  Esses efeitos podem ser variados a depender do local e da extensão do tumor e do tipo e quantidade de radiação que será administrada.  Os principais efeitos colaterais são:

  • Dificuldade na ingestão de alimentos
  • Boca seca
  • Perda de apetite
  • Náuseas
  • Feridas na boca, mucosite
  • Alteração na pele (descamação, vermelhidão, ressecamento)
  • Queda de cabelos e pelos

Ao surgir qualquer um dos sintomas, o médico deve ser informado. Ele afará o acompanhamento e dará as orientações para minimizar esses sintomas

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Por que o paciente com câncer de cabeça e pescoço precisa do acompanhamento de um fonoaudiólogo?

O tratamento do câncer de cabeça e pescoço, que engloba os tumores da cavidade oral, fossas nasais, seios paranasais, lábios, faringe (nasofaringe, orofaringe e hipofaringe), laringe, tireoide, glândulas salivares, tecidos moles do pescoço, paratireoide, base de crânio, geralmente envolve a necessidade de cirurgia e/ou radioterapia e e/ou quimioterapia e, a depender da extensão, localidade e estadiamento desse tumor esses procedimentos podem acarretar alguns distúrbios temporários ou permanentes.

Por isso, ter um fonoaudiólogo especializado em oncologia como parte da equipe multiprofissional para o cuidado integral desse paciente é fundamental. A atuação do fonoaudiólogo deve ocorrer em todas as etapas, desde o pré-tratamento, tratamento até o pós-tratamento. É durante a fase de pré-tratamento que o fonoaudiólogo, em conjunto com o oncologista e cirurgião, já pode fazer a avaliação dos possíveis riscos e perdas decorrentes do tratamento, construir a abordagem terapêutica mais indicada e fornecer orientações e esclarecimentos ao paciente e familiares/cuidadores sobre esse processo. Isso traz mais segurança e estabelece um elo de confiança entre equipe e paciente.

 

Distúrbios decorrentes do tratamento

Dentre as complicações do tratamento do câncer de cabeça e pescoço estão as alterações fisiológicas, como a disfagia, aspiração, dificuldades de mastigação, alterações na fala e alterações estéticas, o que resulta na redução da qualidade de vida dos pacientes.

A avaliação do fonoaudiólogo engloba os impactos na motricidade oral, na fala, na deglutição, respiração, no padrão de articulação, se será necessária a utilização de sonda alimentar, de traqueostomia, de aparelho fonatório para produção da voz. O objetivo é a reabilitação das funções e proporcionar melhora da qualidade de vida. No caso da deglutição, por exemplo, quando o paciente, após período de utilização de sonda para se alimentar, já consegue engolir com segurança, sem aspiração, durante o processo de reintrodução da alimentação por via oral, é o fonoaudiólogo quem vai definir a consistência mais adequada do alimento e fazer a estimulação sensorial, manobras para proteção das vias aéreas e exercícios de fortalecimento.

Já no caso de pacientes que perderam a fala em razão de uma laringectomia total (cirurgia para a retirada da laringe), o fonoaudiólogo faz o acolhimento desse paciente e orienta sobre os mecanismos disponíveis para reabilitação vocal, fazendo o acompanhamento e treinamento durante todo o processo.

O cuidado integral de uma equipe multidisciplinar que conta com o apoio de um fonoaudiólogo para o paciente em tratamento do câncer de cabeça e pescoço contribui efetivamente para aumentar as chances de  sucesso do tratamento e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

 

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O sol pode ser um vilão para o câncer de lábio

Dezembro Laranja é o mês de conscientização sobre o câncer de pele, doença que segundo o Instituto Nacional do Câncer – INCA, terá 185.390 novos casos da doença (dos tipos melanoma e não melanoma), em 2022 no Brasil. Embora o câncer de pele seja o tipo de câncer mais frequente em nosso país, o principal fator de risco para o seu desenvolvimento pode ser prevenido: a exposição ao sol sem proteção.

O sol, quando falamos sobre câncer, é um vilão. Não só no caso do câncer de pele, mas também em relação a um dos tipos de câncer que se desenvolvem na região da cabeça e pescoço, o câncer de lábio. A doença pode se manifestar em toda a região dos lábios, mas é mais comum no lábio inferior, que fica mais exposto ao sol, e em pessoas de pele clara, mas quem tem pele morena ou negra não deve descuidar da proteção também.

O tipo mais comum de câncer de lábio é carcinoma espinocelular.

Sintomas

Geralmente o câncer de lábio é precedido de uma lesão benigna com potencial de malignidade, a Queilite Actínica, que surge em razão da exposição ao sol prolongada e ao longo da vida sem proteção. Quando as células se modificam e se tornam cancerosas, na maioria das vezes apresenta no início alguns sinais como descamação (aquela pele bem fina que solta dos lábios) que pode evoluir para feridas que não cicatrizam. Também pode apresentar inchaço, manchas brancas e vermelhas, bolhas, sensação de queimação, nódulos, sangramento e dor.

Ao observar algum desses sintomas é fundamental procurar avaliação médica, de um especialista de cabeça e pescoço ou de um dermatologista. Como no início o sintoma mais comum é apenas uma descamação, muitas pessoas negligenciam isso e não buscam um médico e o diagnóstico do câncer acaba acontecendo em fases mais avançadas quando o tratamento é mais invasivo. Se descoberto em estágios iniciais as chances de cura superam 90%.

 

Prevenção do câncer de lábio

O câncer de lábio tem como principais causas a exposição excessiva ao sol sem proteção, o tabagismo e consumo excessivo de bebida alcoólica

Todos esses fatores podem ser evitados. Confira as formas de prevenção:

  • Exposição ao sol: o contato com os raios ultravioletas do sol é acumulativo e os danos podem aparecer a longo prazo, por isso, evite a exposição ao sol em horários de maior intensidade dos raios UV, das 10 horas às 16 horas. Utilize protetor solar labial e corporal com fator de proteção acima de 30, chapéu e bonés.
  • Não fume nenhum produto derivado do tabaco (cigarro, narguilé, charuto, cachimbo, cigarro de palha)
  • Bebidas alcoólicas devem ser consumidas com moderação
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A quimioterapia no tratamento do câncer de cabeça e pescoço

Quando o câncer de cabeça e pescoço é diagnosticado as informações fornecidas pelo laudo anatomopatológico vão direcionar a decisão da equipe médica sobre o protocolo de tratamento a ser seguido. Isso vai depender do tipo e subtipo do tumor, seu grau de estadiamento e as condições clínicas do paciente. 

No caso do câncer ser descoberto em estágios iniciais, o tratamento mais indicado é a cirurgia e a radioterapia. Já quando a doença se apresenta em estágios avançados, com a presença de metástase (quando o câncer invade outros órgãos além do local de origem) ou doença recidivada, geralmente é indicada a quimioterapia. A indicação da quimioterapia pode ser combinada com a radioterapia e/ou com a cirurgia.

O que é a quimioterapia?

É um tipo de tratamento que utiliza medicamentos potentes com o objetivo de combater e destruir as células cancerosas em qualquer parte do organismo. Pode ser utilizado um único medicamento ou a combinação de alguns deles a depender do tipo de tumor.

O tratamento quimioterápico pode ser realizado tanto com o paciente internado, em ambulatório ou em casa. As formas de administração do medicamento podem ser por:

  • Via oral (pela boca): em forma de comprimidos ou cápsulas. São usados em casa.
  • Via Intravenosa (pela veia): administrada por meio de cateter temporário ou permanente (um tubo fino colocado na veia). A medicação é diluída em soro.
  • Via Intramuscular (pelo músculo): administrada por injeções aplicadas no músculo.
  • Via Subcutânea (pela pele): administrada por injeções aplicadas por baixo da pele.
  • Via Intratecal (pela espinha dorsal): medicamento é aplicado no líquor (líquido da espinha), pelo próprio médico ou no centro cirúrgico.
  • Tópico (sobre a pele ou mucosa): com medicamentos na forma de líquidos ou pomadas, aplicado na região afetada.


Tipos de quimioterapia para o tratamento do câncer de cabeça e pescoço

A quimioterapia para o tratamento de câncer de cabeça e pescoço pode ser administrada em conjunto com a radioterapia ou a cirurgia ou de forma isolada. Os tipos de quimioterapia podem ser:

– Quimioterapia neoadjuvante ou de indução

Realizada antes do tratamento primário (cirurgia ou radioterapia), quando há necessidade de reduzir o tamanho do tumor com o objetivo de diminuir a agressividade do tratamento cirúrgico, por exemplo. 

– Quimioterapia adjuvante

É realizada após o tratamento primário como a cirurgia e tem o objetivo de reduzir o risco da doença voltar e também eliminar as células cancerígenas que possam ter se espalhado para outros órgãos

– Quimiorradiação

É realizada concomitantemente à aplicação da radioterapia para reduzir ou eliminar tumores que não podem ser removidos pela cirurgia ou em casos em que essa combinação é eficaz sem que seja necessário o tratamento padrão com cirurgia e radioterapia.

 

Efeitos Colaterais da Quimioterapia

Os efeitos colaterais mais comuns do tratamento quimioterápico são: vômito, náuseas, sensação de cansaço, diarreia e perda de pelos.

 

Duração da Quimioterapia

A quimioterapia é administrada em ciclos que se alternam entre períodos de tratamento e repouso. A duração pode variar de paciente para paciente a depender das condições clínicas e também do tipo de câncer e medicamento.  

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Como o homem pode prevenir o câncer de cabeça e pescoço?

O mês de novembro traz à tona a importância de conscientizar os homens sobre os cuidados com a saúde e sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de próstata, o tipo de tumor mais frequente na população masculina depois do câncer de pele não-melanoma.

Assim como o câncer de próstata, o câncer de cabeça e pescoço também precisa de atenção pois a sua incidência em homens é maior do que nas mulheres e isso tem um motivo. Segundo dados do Globocan 2020, do IARC/OMS, em 2020, a estimativa de novos casos de câncer de cabeça e pescoço, contemplado tumores de orofaringe, nasofaringe, hipofaringe, laringe, cavidade oral e glândulas salivares em homens foi três vezes maior que nas mulheres, totalizando 700 mil novos casos.

No nosso artigo vamos explicar os fatores que contribuem para esse cenário e também quais são as formas de prevenção do câncer de cabeça e pescoço. O primeiro passo é a informação, conhecer a doença e tomar as medidas necessárias para evitá-la ou diagnosticar precocemente, quando as chances de sucesso no tratamento são muito maiores.

Homens, cuidem da saúde. Esse é seu maior bem.

 

Por que o câncer de cabeça e pescoço atinge mais os homens?

Todos os tipos de câncer de cabeça e pescoço somados, segundo o levantamento Globocan 2020, do IARC/OMS, totalizam mais de 1,5 milhão de novo casos/ano, sendo o câncer de tireoide o mais comum (586,2 mil), cavidade oral (377,7 mil), laringe (184,6 mil), nasofaringe (133,3 mil), orofaringe (98,4 mil), hipofaringe (84,2 mil) e glândulas salivares (53,5 mil).

Se excluirmos o câncer de tireoide que é mais prevalente em mulheres, o número de casos de câncer em homens é três vezes maior que na população feminina. Isso se explica pelos comportamentos e hábitos que são mais comuns entre os homens e que são fatores de risco para o desenvolvimento desses tipos de câncer: o tabagismo e o consumo em excesso de bebidas alcoólicas.

Os homens se enquadram no grupo que mais consome esse tipo de produto constantemente e além disso, também são os que menos cuidam da saúde e adotam a medicina preventiva, com a realização de exames de rotina e consultas periódicas ao médico, o que reduz a possibilidade de diagnósticos precoces.

 

Sinais e Sintomas do câncer de cabeça e pescoço

Ao notar algum dos sinais abaixo que sejam persistentes por mais de três semanas, é fundamental buscar avaliação médica para descartar qualquer suspeita de um câncer de cabeça e pescoço:

  • ferida na boca que não cicatriza
  • manchas esbranquiçadas na boca
  • rouquidão sem causa aparente
  • nódulo palpável no pescoço
  • dor de garganta que não melhorar com o uso de antibiótico
  • dor ou dificuldade para engolir ou respirar
  • sangramento ou secreção persistente pelo nariz.
  • dor no ouvido ou dificuldade para ouvir
  • dores de cabeça e tosse persistente.

O câncer de cabeça e pescoço tem cura e isso depende do estágio em que o diagnóstico acontece. Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de cura da doença.

 

Como prevenir o câncer de cabeça e pescoço?

A adoção de alguns hábitos pode contribuir para a prevenção do câncer de cabeça e pescoço. Cerca de 30% dos casos de câncer poderiam ser evitados com essas atitudes:

  • Não fumar nenhum produto que tenha tabaco
  • Manter a higiene bucal adequada, com visitas regulares ao dentista
  • Evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas
  • Manter uma alimentação saudável, rica em frutas, verduras e legumes e pobre em carnes salgadas, defumados e embutidos
  • Não se expor ao sol sem proteção
  • Se vacinar contra o HPV – Papilomavirus Humano. A infecção pelo HPV também é fator de risco para o câncer da cavidade oral. A vacina é disponibilizada gratuitamente pelo SUS a meninas e meninos entre 11 e 15 anos de idade.
  • Usar preservativo durante as relações sexuais
  • Praticar exercícios físicos regularmente e manter o peso adequado
  • Conhecer e estar atento aos sintomas do câncer de cabeça e pescoço para fazer o diagnóstico precoce

 

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Saúde Bucal: cuidados que o paciente com câncer de cabeça e pescoço deve ter

Além da cirurgia, o tratamento do câncer de cabeça e pescoço, geralmente, pode envolver a quimioterapia e a radioterapia em alguma fase.  Esses tratamentos quando indicados podem causar alguns efeitos colaterais que incidem diretamente na saúde da boca, deixando essa região mais sensível e exposta a doenças. Para minimizar qualquer problema mais grave, todo paciente em tratamento deve adotar medidas de higiene bucal ainda mais rigorosas.

Dentre os principais problemas bucais decorrentes da quimioterapia ou da radioterapia estão a perda de paladar, a c e após o tratamento, pois essas implicações variam em relação ao tipo de câncer, tipo e tempo de tratamento, medicamento utilizado, podendo perdurar por longo período.  Além da prática rigorosa de higiene bucal, é preciso ter o acompanhamento periódico de um dentista que irá identificar o problema e determinar a forma de tratamento para aliviar os sintomas.

Dentre os cuidados que podem ser estabelecidos pelo paciente estão:

  • passar por consulta regular com o dentista;
  • fazer a higiene da boca pelo menos 3 vezes ao dia, principalmente após as refeições, com escovação de dentes, gengiva e língua. Usar uma escova macia.
  • buscar orientação médica se é permitida a utilização de fio dental e de enxaguantes bucais durante o tratamento.
  • em caso de utilizar dentadura, escovar diariamente. Manter a dentadura ajustada a boca, sem folga e sem estar apertada. Se possível, diminuir o tempo de uso e quando não estiver usando, colocar em água misturada a uma colher de café de água sanitária.
  • consumir água regularmente e manter a boca e lábios hidratados e úmidos. Ás vezes, é necessária a utilização de saliva artificial. Consulte o médico para ver se é indicado.
  • mascar chicletes sem açúcar;
  • evitar o consumo de bebidas alcoólicas;
  • não fumar (cigarro, charuto, cachimbo, narguilé, cigarro de palha);
  • Comer alimentos gelados, líquidos e pastosos, que são mais fáceis de engolir e usar um canudo se tiver com dificuldade para engolir.
  • evitar o consumo de alimentos condimentados, ácidos, salgados ou açucarados ao extremo, duros e secos.
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Resposta sobre quais pacientes com câncer de nasofaringe se beneficiam de neoadjuvância pode estar nos biomarcadores

Estudos futuros, que tragam uma avaliação de biomarcadores, podem ajudar a determinar quais pacientes podem se beneficiar de uma terapia adjuvante após o diagnóstico de câncer de nasofaringe avançado”. Esta é a observação da oncologista clínica da Oncologia D´Or e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Dra. Milena Mak, após analisar, atendendo o nosso convite, o estudo Metronomic capecitabine as adjuvant therapy in locoregionally advanced nasopharyngeal carcinoma: a multicentre, open-label, parallel-group, randomised, controlled, phase 3 trial, publicado na revista científica The Lancet.

Neste estudo multicêntrico, aberto, randomizado, controlado e de fase 3, participam 675 pacientes, de catorze hospitais na China, com diagnóstico de carcinoma nasofaríngeo locorregional avançado de alto risco confirmado histologicamente. Eles foram aleatorizados para receber capecitabina metronômica oral (204 participantes) ou terapia padrão (202). O desfecho primário foi a sobrevida livre de falha, definida como o tempo desde a randomização até a recorrência da doença (metástase à distância ou recorrência loco-regional) ou morte por qualquer causa, na população com intenção de tratar.
Após um acompanhamento médio de 38 meses, houve 29 (14%) eventos de recorrência ou morte no grupo de capecitabina e 53 (26%) eventos de recorrência ou morte no grupo de terapia padrão. A sobrevida livre de falhas em três anos foi significativamente maior no grupo de capecitabina metronômica (85,3%) do que no grupo de terapia padrão (75,7%). Portanto, a adição de capecitabina metronômica adjuvante à quimiorradioterapia melhorou significativamente a sobrevida livre de falha em pacientes com carcinoma nasofaríngeo avançado locorregionalmente de alto risco. No entanto, na opinião de Milena Mak, não necessariamente representa que este deve ser o novo padrão de tratamento.
Segundo a oncologista clínica, a partir desse resultado, em casos de carcinomas não-queratinizantes de alto risco, a relação risco benefício do uso dessa terapia deve ser discutida com o paciente. “Cautela é necessária por tratar-se de população asiática e submetida a diferentes regimes de terapia de indução”, ressalta Milena Mak, que também destaca o fato de 72% dos pacientes terem sido tratados com combinação de cisplatina e docetaxel na indução, um regime não estabelecido em estudos de fase III como a combinação de cisplatina e gencitabina ou cisplatina, docetaxel e 5-fluorouracil. Além disso, reforça Milena, houve uma taxa de descontinuação de 25% da terapia de manutenção e incidência não desprezível de eventos de síndrome mão-pé (58%).

Dra. Milena Mak conclui sua análise reforçando que o papel da adjuvância em carcinoma de nasofaringe não-queratinizante precisa ser mais bem esclarecido e que estudos futuros, com avaliação de biomarcadores, serão necessários para determinar a população que apresenta maior benefício deste tipo de intervenção.

Referência do estudo

Chen YP, Liu X, Zhou Q, Yang KY, Jin F, Zhu XD, Shi M, Hu GQ, Hu WH, Sun Y, Wu HF, Wu H, Lin Q, Wang H, Tian Y, Zhang N, Wang XC, Shen LF, Liu ZZ, Huang J, Luo XL, Li L, Zang J, Mei Q, Zheng BM, Yue D, Xu J, Wu SG, Shi YX, Mao YP, Chen L, Li WF, Zhou GQ, Sun R, Guo R, Zhang Y, Xu C, Lv JW, Guo Y, Feng HX, Tang LL, Xie FY, Sun Y, Ma J. Metronomic capecitabine as adjuvant therapy in locoregionally advanced nasopharyngeal carcinoma: a multicentre, open-label, parallel-group, randomised, controlled, phase 3 trial. Lancet. 2021 Jul 24;398(10297):303-313.

Disponível em:

https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(21)01123-5/fulltext

 

 

lucas

Cabozantinibe desponta como nova opção para pacientes com câncer de tireoide que deixam de responder à iodoterapia

Um estudo de fase 3, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, que reuniu 187 participantes a partir de 16 anos, diagnosticados com câncer diferenciado de tireoide, refratários à radioiodoterapia e previamente tratados com terapia direcionada ao receptor do fator de crescimento endotelial vascular (VEGFR) – mostra que esse perfil de pacientes pode ser beneficiado com uma linha adicional de tratamento com cabozantinibe, um inibidor da tirosina quinase. Esta é a conclusão do estudo Cabozantinib for radioiodine-refractory differentiated thyroid cancer (COSMIC-311): a randomised, double-blind, placebo-controlled, phase 3 trial, publicado na revista científica The Lancet Oncology.

Entre 27 de fevereiro de 2019 e 18 de agosto de 2020, os pacientes foram sorteados para receber cabozantinibe na dose de 60mg/dia ou placebo. Houve redução do volume tumoral em 76% dos pacientes que receberam cabozantinibe, sendo que dez participantes (15%) no grupo de cabozantinibe foram classificados como resposta parcial contra nenhuma resposta parcial no grupo placebo. O cabozantinibe mostrou melhora significativa na sobrevida livre de progressão em relação ao placebo e os eventos adversos de grau 3 ou 4 ocorreram em 71 (57%) de 125 pacientes que receberam cabozantinibe e 16 (26%) de 62 que receberam placebo, sendo que os mais frequentes foram eritrodisestesia palmo-plantar (conhecida como síndrome mão-pé), hipertensão e fadiga. Eventos adversos graves relacionados ao tratamento ocorreram em 20 (16%) de 125 pacientes no grupo de cabozantinibe e em um (2%) de 62 no grupo de placebo. Não houve mortes relacionadas ao tratamento.

Na opinião do oncologista clínico Dr. Lucas Vieira dos Santos, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, que comenta o estudo a convite do GBCP, o cabozantinibe deve, de fato, ser considerado o tratamento padrão a pacientes com carcinoma diferenciado de tireoide em fase refratária a iodoterapia após falha ao tratamento inicial com lenvatinibe e/ou sorafenibe. “Esta recomendação baseia-se em ganho significativo de sobrevivência livre de progressão. Além disso, os dados de sobrevivência global, embora não fossem o desfecho primário do estudo, são numericamente maiores no grupo que recebeu cabozantinibe”, destaca Dr. Lucas dos Santos.

Por que se começa com iodoterapia, mas alguns casos se mostram refratários?

Dr. Lucas dos Santos explica que os tumores diferenciados de tireoide são, em sua maioria, funcionalmente semelhantes às células tiroidianas normais, incluindo a capacidade de internalizar iodo. Isso, segundo ele, abre a possibilidade de tratamento com iodo radioativo, como se fosse um Cavalo de Tróia. Com o passar do tempo, os tumores da tireoide adquirem, evolutivamente, mais agressividade e, com isso, perdem a capacidade de incorporar iodo em suas células, fazendo que a estratégia de oferecer iodo radioativo deixe de funcionar. “É neste momento que devemos adicionar as quimioterapias orais dentro do cuidado dos pacientes”, explica.

A principal contribuição do estudo, avalia Dr. Lucas, é a demonstração de que temos uma opção adicional àquelas já aprovadas. “Temos também boa evidência de que múltiplos tratamentos, em sequência, podem ajudar os pacientes com carcinoma diferenciado de tireoide”, comemora.

Para ser possível atingir os melhores resultados, o oncologista acrescenta que os pacientes com carcinoma diferenciado de tireoide devem ser avaliados por um time multidisciplinar, com discussão integrada sobre os objetivos do tratamento e as melhores ferramentas para cada caso.

O medicamento, para essa indicação, foi aprovado na última sexta, dia 17.09.21, pelo FDA, agência reguladora dos Estados Unidos.

 

Referência do estudo

Brose MS, Robinson B, Sherman SI, Krajewska J, Lin CC, Vaisman F, Hoff AO, Hitre E, Bowles DW, Hernando J, Faoro L, Banerjee K, Oliver JW, Keam B, Capdevila J. Cabozantinib for radioiodine-refractory differentiated thyroid cancer (COSMIC-311): a randomised, double-blind, placebo-controlled, phase 3 trial. Lancet Oncol. 2021 Aug;22(8):1126-1138. -controlled, multicentre, phase 3 trial. Lancet Oncol. 2021 Apr;22(4):450-462.

 

Disponível em:

 https://www.thelancet.com/journals/lanonc/article/PIIS1470-2045(21)00332-6/fulltext

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Nutricionistas recomendam ingestão de ao menos 30 calorias/kg diárias para pacientes com câncer de cabeça e pescoço

Com a proposta de melhor correlacionar a relação entre a ingestão alimentar e as mudanças na composição corporal que ocorrem com o paciente oncológico com tumor de cabeça e pescoço durante o tratamento, pesquisadores dos Departamentos de Agricultura, Alimentos e Ciência Nutricional e de Oncologia da Universidade de Alberta e do Serviço de Saúde de Alberta, em Edmonton, no Canadá, evidenciam que seguir as diretrizes da Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo (ESPEN) – que recomenda o consumo diário mínimo de 25 calorias/kg – não é suficiente.

No estudo Meeting Minimum ESPEN Energy Recommendations Is Not Enough to Maintain Muscle Mass in Head and Neck Cancer Patients, publicado na revista científica Nutrients, os autores observam que os resultados são otimizados com ingestão de 30 calorias/kg/dia. Para chegar a esta evidência, os pesquisadores das instituições canadenses compararam a ingestão alimentar no diagnóstico e no final do tratamento em relação às alterações na massa muscular e adiposidade em pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Tanto a ingestão alimentar (registro de três dias de observação clínica) quanto a composição corporal (por meio de exame de tomografia computadorizada/TC) foram avaliadas no momento do diagnóstico e no pós-tratamento (com quimioterapia e radioterapia).

Convidada pelo GBCP para comentar o estudo, a nutricionista clínica e doutora em Oncologia, Thais Manfrinato Miola, supervisora de Nutrição Clínica do A.C.Camargo Cancer Center, destaca que o aconselhamento dietético por uma nutricionista oncológica é a primeira linha de terapia nutricional para garantir a oferta de nutrientes necessária a cada paciente. Ela explica que, dentro do aconselhamento dietético, estão as estratégias alimentares para minimizar os efeitos colaterais dos tratamentos e auxiliar na ingestão alimentar adequada. Além disso, acrescenta, a recomendação de suplementos nutricionais orais favorece o aumento da ingestão calórico-proteica.

Os pacientes com câncer de cabeça e pescoço comumente apresentam desnutrição e, por isso, já devem fazer uso de suplementos de forma profilática (preventiva). Thaís explica que, para os pacientes que não conseguem atingir o consumo de, pelo menos, 60% das necessidades nutricionais, é indicada a nutrição enteral (por meio de um tubo ou sonda flexível). “Muitos pacientes com câncer de cabeça e pescoço podem se beneficiar do uso da nutrição enteral profilática, mas cada paciente deve ser avaliado individualmente”, orienta.

Perda de músculos e o consumo mínimo recomendado para evitá-lo

Thaís Miola conta que a baixa massa muscular tem o potencial de refletir negativamente no quadro clínico do paciente oncológico, como o aumento das complicações e taxas de reinternação, dificuldade de cicatrização, aumento do tempo de internação, maior toxicidade do tratamento, pior qualidade de vida e aumento da mortalidade.

Embora este trabalho não traga fortes correlações com alta ingestão proteica, inclusive porque apenas seis pacientes consumiram ao menos 1,5 gramas de proteína/kg peso/dia, outros estudos mostram a importância da proteína na síntese muscular. “O que vale ressaltar do estudo é que foi encontrada uma correlação com a caloria, mostrando que o músculo não precisa apenas de proteína, mas também de outros nutrientes como carboidrato, ácidos graxos insaturados, vitaminas e minerais”, comenta Thaís Miola.

A especialista reforça que a nutrição faz parte do tratamento oncológico e todos os pacientes com câncer de cabeça e pescoço devem acompanhar com um nutricionista, especializado em oncologia, desde o diagnóstico da doença, ou seja, antes mesmo de iniciar o tratamento. Na fase pré-tratamento, inclusive, é válido iniciar a terapia nutricional com suplementos nutricionais de forma precoce. Assim, o paciente já consegue recuperar o estado nutricional ou mantê-lo, se estiver adequado, para tolerar melhor o tratamento e apresentar melhor prognóstico.

Referência do estudo

McCurdy B, Nejatinamini S, Debenham BJ, Álvarez-Camacho M, Kubrak C, Wismer WV, Mazurak VC. Meeting Minimum ESPEN Energy Recommendations Is Not Enough to Maintain Muscle Mass in Head and Neck Cancer Patients. Nutrients. 2019 Nov 12;11(11):2743.

 

Disponível em:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6893412/pdf/nutrients-11-02743.pdf

 

 

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Câncer de cabeça e pescoço: fatores de risco e sintomas

O câncer de cabeça e pescoço se desenvolve em órgãos localizados nessa região, exceto nos olhos, cérebro, orelhas ou esôfago. Geralmente, começam nas células escamosas que revestem as superfícies úmidas da mucosa, como por exemplo dentro da boca, nariz e garganta. 

Apesar de sua gravidade e do aumento da prevalência, ainda há pouco conhecimento sobre a doença e isso é comprovado por alguns dados estatísticos:

  • 60% das pessoas com câncer de cabeça e pescoço apresentam doença localmente avançada no momento do diagnóstico
  • 60% das pessoas diagnosticadas em estágio avançado morrem da doença em cinco anos 
  • pacientes diagnosticados em estágios iniciais da doença tem índices de sobrevivência de 80-90%

 

Fatores de Risco

Dentre os principais fatores de risco que podem influenciar o desenvolvimento do câncer de cabeça e pescoço estão:

 

  • Tabagismo: os fumantes têm risco maior do que os não fumantes de desenvolveram a doença. Uma pessoa que fuma tem 15 vezes mais probabilidade de desenvolver câncer de cabeça e pescoço do que um não fumante.
  • Bebida alcoólica: o consumo regular de bebidas alcoólicas aumenta o risco de desenvolver a doença.
  • Papilomavírus Humano (HPV) : a infecção pelo Papilomavirus Humano – HPV está associado ao desenvolvimento de câncer de garganta, língua e amígdalas, também conhecido como câncer de orofaringe.

 

Prevalência

O câncer de cabeça e pescoço é mais comum a partir dos 40 anos. Os homens têm 2 a 3 vezes mais chances de desenvolver câncer de cabeça e pescoço do que as mulheres; no entanto, a incidência de câncer de cabeça e pescoço em mulheres está aumentando.

 

Sinais e sintomas

Dentre os sintomas mais comuns do câncer de cabeça e pescoço estão:

  • ferida na boca que não cicatriza
  • manchas esbranquiçadas na boca
  • rouquidão
  • nódulo palpável no pescoço
  • dor de garganta que não melhora
  • dor ou dificuldade para engolir ou respirar
  • sangramento ou secreção persistente pelo nariz.
  • dor no ouvido ou dificuldade para ouvir
  • dores de cabeça e tosse persistente.

Ao perceber algum desses sinais que persista por mais de três semanas, busque avaliação médica com um especialista otorrinolaringologista (médico que trata de doenças do ouvido, nariz e garganta) ou cirurgião de cabeça e pescoço para que sejam realizados os exames necessários para o diagnóstico preciso.

 

Fonte: https://makesensecampaign.eu/en/cancer-information/head-neck-cancer/

 

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