CasaPublicações CientíficasCirurgia transoral (TOS) seguida de radioterapia se mostra eficaz em pacientes com câncer de orofaringe HPV positivo

Cirurgia transoral (TOS) seguida de radioterapia se mostra eficaz em pacientes com câncer de orofaringe HPV positivo

A cirurgia transoral (TOS) se mostrou a principal estratégia terapêutica para pacientes com câncer de orofaringe HPV positivos em estadios intermediários (fase T1-2, com um ou dois nódulos comprometidos – N1-2 e sem metástase – M0). Convidado pelo GBCP para comentar o estudo Phase II Randomized Trial of Transoral Surgery and Low-Dose Intensity Modulated Radiation Therapy in Resectable p16+ Locally Advanced Oropharynx Cancer: An ECOG-ACRIN Cancer Research Group Trial (E3311), Dr. Fernando Dias, chefe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Nacional de Câncer (INCA), avalia que esta é a principal contribuição do trabalho multi-institucional publicado na revista científica Journal of Clinical Oncology (JCO), da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO).

Neste trabalho, cirurgiões credenciados realizaram TOS para 495 pacientes. Os pacientes elegíveis e tratados foram designados da seguinte forma: braço A (baixo risco, 38 pacientes), braços de risco intermediário B (radioterapia com 50 Gy, 100 pacientes) ou C (radioterapia com 60 Gy, 108 pacientes) e o braço D (alto risco, 113 pacientes). Com um acompanhamento médio de 35,2 meses (elegíveis e tratados), a estimativa de sobrevida livre de progressão de 2 anos é de 96,9% para o braço A (observação), 94,9 % para o braço B, 96,0% para o braço C e 90,7% para o braço D.

“Os objetivos primários do estudo, que eram demonstrar a viabilidade da construção de um estudo multi-institucional prospectivo para o tratamento do câncer da orofaringe induzido pelo HPV, utilizando a cirurgia transoral (laser ou robótica) seguida de tratamento complementar baseado no estádio pTNM, e com desfecho baseado na sobrevida livre de doença em dois anos, foram plenamente alcançados”, analisa Dr. Fernando Dias, que é também Professor titular do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Pontifícia Universidade Católica (PUC), do Rio de Janeiro.

 

O que levou ao estudo?

Embora a quimioterapia definitiva ou pós-operatória seja curativa para o câncer de orofaringe (OPC) associado ao papilomavírus humano (HPV+), esta é uma terapia que induz uma toxicidade significativa. O percentual de pacientes que necessitam de uma via alternativa de alimentação após tratamento com quimioterapia associada com radioterapia é variável indo de 3% até cerca de 50%. De acordo com Ang et al., a necessidade de uso de gastrostomia é de cerca de 30% em pacientes submetidos a QT+RT para este perfil de doença, com acompanhamento de longo prazo.

Para ser uma opção a este cenário, o estudo agora publicado no JCO foi desenhado com a proposta de buscar uma estratégia de desintensificação por meio de cirurgia transoral primária (TOS) e radioterapia pós-operatória (RT) reduzida em câncer de orofaringe com HPV positivo de risco intermediário e os resultados apontam que a TOS primária e RT pós-operatória reduzida resultam em excelente resultado oncológico e resultados funcionais favoráveis.

Ainda na análise de Dr. Fernando Dias, a cirurgia transoral, em particular a cirurgia transoral robótica (TORS) ofereceu, efetivamente, uma mudança de paradigma no tratamento do câncer da orofaringe (seja ele induzido pelo HPV ou não). “Está provada a utilidade da ferramenta robótica no tratamento do câncer da cabeça e pescoço (orofaringe e laringe supraglótica), justificando plenamente sua utilização”, conclui.

 

Referência do estudo

Ferris RL, Flamand Y, Weinstein GS, Li S, Quon H, Mehra R, Garcia JJ, Chung CH, Gillison ML, Duvvuri U, O’Malley BW Jr, Ozer E, Thomas GR, Koch WM, Gross ND, Bell RB, Saba NF, Lango M, Méndez E, Burtness B. Phase II Randomized Trial of Transoral Surgery and Low-Dose Intensity Modulated Radiation Therapy in Resectable p16+ Locally Advanced Oropharynx Cancer: An ECOG-ACRIN Cancer Research Group Trial (E3311). J Clin Oncol. 2022 Jan 10;40(2):138-149.

Disponível em https://ascopubs.org/doi/full/10.1200/JCO.21.01752

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