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Diagnóstico prévio de câncer de cabeça e pescoço aumenta risco de internação por COVID-19

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Na amostra, a idade média dos pacientes foi de 70 anos, com 38% deles com 75 anos ou mais. Mais de um terço (34%) residiam em instituições de longa permanência. Treze (41%) tinham câncer ativo, com 6 (19%) em terapia contra o câncer no prazo de até quatro semanas após o diagnóstico de COVID-19.




Os principais sintomas relatados foram surgimento ou piora de quadro de tosse e fadiga. Para mais de 30% dos participantes da coorte foi necessário realizar mais de um teste de SARS-CoV-2 antes de confirmar o resultado positivo.


Risco maior em quem não tem câncer ativo


Na avaliação do cirurgião oncológico e diretor científico do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP), Dr. Luiz Paulo Kowalski, o achado mais surpreendente foi que o risco de hospitalização, nesta coorte, se mostrou mais elevado mesmo em pacientes já previamente tratados e sem doença em atividade. “Provavelmente esteja associado a idade elevada e comorbidades frequentemente observadas nos pacientes sobreviventes”, observa Dr. Kowalski, Cirurgião Oncológico do A.C.Camargo Cancer Center e Professor Titular de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).


Intuitivamente, destaca Dr. Kowalski, era esperado um maior risco em pacientes em tratamento. O dado inversamente a isso sinaliza que os pacientes com doença em atividade são protegidos pelos protocolos de tratamento. “Por exemplo, não se opera em menos de três a quatro semanas um paciente com COVID-19. Operar após esse período não eleva o risco”, analisa. Dr. Kowalski observa também que muitos dos pacientes já fora de tratamento, com idade mais avançada, residindo em lares para idosos e não em suas próprias casas, tiveram risco maior. Isso pode, segundo ele, sugerir que manter o idoso com câncer em casa, e protegido, poderia reduzir risco.


Os dados mostram também que sete (22%) morreram (sendo que um estava em tratamento contra o câncer e seis eram sobreviventes). Esses dados, avalia Dr. Kowalski, também reforçam que os pacientes com câncer de cabeça e pescoço constituem uma população de muito alto risco, maior, inclusive, que o risco geral de pacientes com outros tipos de câncer. Esses fatores, avalia o especialista, devem estar relacionados a idade, fragilidade, comorbidades e sequelas prévias em via aerodigestiva superior (boca, laringe e faringe).


Poucos pacientes e outras limitações


Embora seja uma avaliação sistemática e feita por um consórcio acadêmico, os dados são de uma pequena série de pacientes. Traz um alerta sobre o tema que, na análise do Dr. Kowalski, necessita ser confirmado em uma coorte maior de pacientes em estudo multi-institucional internacional.


A boa notícia é que estudos dessa natureza se encontram em andamento e os resultados devem ser conhecidos brevemente. Enquanto isso, afirma o diretor científico do GBCP, esses dados preliminares, ao mostrar que é maior o risco de complicações pela COVID-19 em pacientes com câncer de cabeça e pescoço, chamam a atenção para a relevância desse grupo receber orientação e adotar medidas rigorosas de proteção.



Referência do estudo


Hanna GJ, Rettig EM, Park JC, Varvares MA, Lorch JH, Margalit DN, Schoenfeld JD, Tishler RB, Goguen LA, Annino DJ Jr, Haddad RI, Uppaluri R. Hospitalization rates and 30-day all-cause mortality among head and neck cancer patients and survivors with COVID-19. Oral Oncol. 2021 Jan;112:105087.


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