Docetaxel associado à radioterapia aumenta sobrevida de pacientes inelegíveis para tratamento com cisplatina
Nos últimos anos, avanços significativos foram feitos no tratamento de câncer de cabeça e pescoço localmente avançado.
Para os pacientes inelegíveis para a cisplatina devido à idade ou comorbidades médicas, resultados apontados no artigo “Results of Phase III Randomized Trial for Use of Docetaxel as a Radiosensitizer in Patients With Head and Neck Cancer, Unsuitable for Cisplatin-Based Chemoradiation”, publicado no Journal of<em>Clinical Oncology (JCO)</em>, em janeiro de 2023, mostram que a adição de docetaxel à radiação melhorou a <em>sobrevida livre</em>de doençade pacientes com carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço (HNSCC).
Nesta pesquisa aberta e de centro único da Índia, o Tata Memorial Hospital, realizada entre julho de 2017 e maio de 2021, foram recrutadas 356 pessoas com HNSCC não metastático, localmente avançado e inelegível para tratamento com cisplatina na cavidade oral, orofaringe, laringe, hipofaringe ou carcinoma de origem primária desconhecida com linfonodos cervicais que requerem tratamento definitivo ou quimiorradiação adjuvante (após cirurgia).
Nesta amostra, 176 pacientes foram aleatoriamente designados para receber apenas radiação ou radiação em combinação com docetaxel (180 pacientes).O acompanhamento médio foi de 32,4 meses. A idade mediana foi de 63 anos no braço apenas com radiação e 61 anos no braço docetaxel.
Na maioria, os pacientes eram homens (85% no braço apenas com radiação e 81,8% no braço docetaxel).
O tratamento com radiação e docetaxel resultou em uma taxa de <em>sobrevida livre</em>de doença(DFS) de dois anos de 42% em comparação com 30,3% apenas com radiação. Este benefício com docetaxel permaneceu consistente quando ajustado para fatores prognósticos conhecidos.
Para avaliar esses dados, o convidado pelo GBCP é o médico radio-oncologista Alexandre Arthur Jacinto, diretor de Ensino e Pesquisa da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) e titular do Hospital de Amor, em Barretos (SP), onde coordena o programa de Pós Graduação Lato Sensu. Em sua opinião, este é “um estudo relevante e que possivelmente impactará num direcionamento da conduta, trazendo alguma mudança prática na rotina.”
A princípio, estes são os primeiros dados baseados em evidência para o uso de quimioterapia concomitante em pacientes inelegíveis para cisplatina. Por isso, essa pesquisa possui um “potencial muito grande”, finaliza o médico radio-oncologista.
O estudo também foi comentado em episódio do Conexão Cabeça e Pescoço, o podcast, em formato de pílulas, do GBCP.
Confira:
Referência do estudo
Patil VM, Noronha V, Menon N, Singh A, Ghosh-Laskar S, Budrukkar A, Bhattacharjee A, Swain M, Mathrudev V, Nawale K, Balaji A, Peelay Z, Alone M, Pathak S, Mahajan A, Kumar S, Purandare N, Agarwal A, Puranik A, Pendse S, Reddy Yallala M, Sahu H, Kapu V, Dey S, Choudhary J, Krishna MR, Shetty A, Karuvandan N, Ravind R, Rai R, Jobanputra K, Chaturvedi P, Pai PS, Chaukar D, Nair S, Thiagarajan S, Prabhash K. Results of Phase III Randomized Trial for Use of Docetaxel as a Radiosensitizer in Patients With Head and Neck Cancer, Unsuitable for Cisplatin-Based Chemoradiation. J Clin Oncol. 2023 May 1;41(13):2350-2361.
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