Nivolumabe mais Ipilimumabe não melhorou sobrevida de pacientes com carcinoma de células escamosas da cabeça e pescoço, aponta estudo
Publicado em dezembro na revista científica Journal of Clinical Oncology, o estudo de fase III, randomizado e aberto, buscou comparar Nivolumabe associado com Ipilimumabe com o regime extremo como tratamento de primeira linha em pacientes com câncer de cabeça e pescoço de células escamosas metastático ou recorrente.
Contudo, os dados divulgados em “Nivolumab Plus Ipilimumab Versus EXTREME Regimen as First-Line Treatment for Recurrent/Metastatic Squamous Cell Carcinoma of the Head and Neck: The Final Results of CheckMate 651” não obtiveram resultado positivo.
Na conclusão da pesquisa intitulada CheckMate 651, os pesquisadores constataram que Nivolumabe mais Ipilimumabe de primeira linha não melhorou a sobrevida global de pacientes com carcinoma espinocelular recorrente ou metastático de cabeça e pescoço (SCCHN), em comparação com o regime EXTREME (cetuximabe mais cisplatina/carboplatina mais fluorouracilo <= 6 ciclos seguidos de manutenção com cetuximabe).
No estudo aberto, 947 pacientes com SCCHN recorrente ou metastático que não receberam nenhum tratamento sistêmico anterior foram designados aleatoriamente em uma base de 1 para 1 para receber Nivolumabe mais Ipilimumabe (n = 472) ou EXTREME (n = 475). No braço Nivolumabe mais Ipilimumabe, 39,2% tiveram pontuação positiva combinada PD-L1 (CPS) >= 20, em comparação com 37,5% no braço EXTREME. Os pontos finais primários deste estudo foram a sobrevida global em todas as populações aleatoriamente designadas e CPS >= 20.
A convidada pelo GBCP para comentar o trabalho é a oncologista Milena Perez Mak, médica clínica da OncoStar e uma das coautoras da pesquisa. Em sua avaliação, esse estudo infelizmente não foi positivo para a sobrevida global: “Teve um desenho estatístico bastante robusto e parte do pressuposto que o braço controle teria uma sobrevida de aproximadamente 10 meses e se atingiu a sobrevida mediana de 13,9 meses para o braço da imunoterapia combinada e 13,5 meses para o regime EXTREME”.
A oncologista ainda destaca que mesmo com essa conclusão, o que chamou a atenção foi um número alto de pacientes que completaram dois anos de tratamento no braço da imunoterapia isolada. Ela também destaca que “para o futuro é preciso avaliar qual seria a melhor subpopulação que se beneficiaria de uma intensificação da imunoterapia”.
Além disso, conclui que nesse momento não há como recomendar esse tratamento como uma terapia padrão. “O caminho para melhorar a resposta imuno dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço talvez não seja essa combinação, mas outras válidas nesse contexto”, diz.
Portanto, mais análises são necessárias para determinar a utilidade da imunoterapia dupla como uma opção de tratamento para SCCHN.
Referência
HADDAD, Robert I: et al. Nivolumab Plus Ipilimumab Versus EXTREME Regimen as First-Line Treatment for Recurrent/Metastatic Squamous Cell Carcinoma of the Head and Neck: The Final Results of CheckMate 651. J Clin Oncol, 2022.
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O tema também foi comentado em episódio do Conexão Cabeça e Pescoço, o nosso podcast, em formato de pílulas.
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