CasaPublicações CientíficasProtocolo com avelumabe não prolonga sobrevida de pacientes com câncer avançado de cabeça e pescoço de células escamosas

Protocolo com avelumabe não prolonga sobrevida de pacientes com câncer avançado de cabeça e pescoço de células escamosas

O protocolo com avelumabe associado com quimiorradioterapia seguido de manutenção com avelumabe não prolongou a sobrevida livre de progressão em pacientes com carcinoma de células escamosas localmente avançado de cabeça e pescoço. Com isso, não foi atingido o desfecho inicial que foi investigado no estudo Avelumab plus standard-of-care chemoradiotherapy versus chemoradiotherapy alone in patients with locally advanced squamous cell carcinoma of the head and neck: a randomised, double-blind, placebo-controlled, multicentre, phase 3 trial, publicado na revista científica Lancet Oncology.

Neste estudo de fase 3, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, os pacientes foram recrutados em 196 hospitais e centros de tratamento de câncer em 22 países. Foram incluídos 697 pacientes com 18 anos ou mais, com carcinoma de células escamosas localmente avançado confirmado histologicamente – de orofaringe, hipofaringe, laringe ou cavidade oral – não tratados previamente.

Entre 12 de dezembro de 2016 e 29 de janeiro de 2019, foram aleatoriamente designados 350 pacientes para o grupo avelumabe e 347 para o grupo placebo. O acompanhamento médio para a sobrevida livre de progressão foi de 14,6 meses no grupo avelumabe e 14,8 meses no grupo placebo. A sobrevida livre de progressão mediana não foi alcançada no grupo de avelumabe, assim como no grupo de placebo.

Ao analisar o estudo a convite do GBCP, o oncologista clínico Dr. Tadeu Ferreira de Paiva Junior explica que o fato do estudo reportar um resultado negativo não invalida a sua publicação. “Assim como reportar estudos positivos, é também de fundamental importância a publicação de estudos negativos, principalmente para que a estratégia testada não seja utilizada na prática clínica, evitando que o paciente receba tratamento comprovadamente ineficaz para a situação em que se encontra e com chance de acrescentar efeitos colaterais. Outro motivo é colaborar no desenho de estudos futuros”, destaca.

Neste trabalho, os eventos adversos relacionados ao tratamento mais comuns foram neutropenia, inflamação da mucosa, disfagia e anemia. Os eventos adversos graves relacionados ao tratamento ocorreram em 124 (36%) pacientes no grupo de avelumabe e em 109 (32%) pacientes no grupo de placebo. Mortes relacionadas ao tratamento ocorreram em dois (1%) pacientes no grupo de avelumabe (devido a distúrbios gerais e condições do local e ruptura vascular) e um caso no grupo de placebo (devido a insuficiência respiratória aguda).

De acordo com Dr. Tadeu, embora tenha havido um resultado negativo com este estudo, por meio de uma melhor seleção dos pacientes com biomarcadores e utilização de medicamentos com outros alvos – como anti-CTLA-4 – é possível projetar uma potencial melhora na taxa de sobrevida livre de progressão.  Para tanto, explica o oncologista clínico, uma opção é mudar o critério de seleção ou estratificação dos pacientes baseados em biomarcador (CPS). A recomendação do especialista é separar em braços, para poder avaliar de forma independente o possível benefício da concomitância, comparando com a fase de manutenção.

 

Referência do estudo

 

Lee NY, Ferris RL, Psyrri A, Haddad RI, Tahara M, Bourhis J, Harrington K, Chang PM, Lin JC, Razaq MA, Teixeira MM, Lövey J, Chamois J, Rueda A, Hu C, Dunn LA, Dvorkin MV, De Beukelaer S, Pavlov D, Thurm H, Cohen E. Avelumab plus standard-of-care chemoradiotherapy versus chemoradiotherapy alone in patients with locally advanced squamous cell carcinoma of the head and neck: a randomised, double-blind, placebo-controlled, multicentre, phase 3 trial. Lancet Oncol. 2021 Apr;22(4):450-462.

Disponível em  https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1470-2045(20)30737-3

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