CasaPublicações CientíficasResposta sobre quais pacientes com câncer de nasofaringe se beneficiam de neoadjuvância pode estar nos biomarcadores

Resposta sobre quais pacientes com câncer de nasofaringe se beneficiam de neoadjuvância pode estar nos biomarcadores

Estudos futuros, que tragam uma avaliação de biomarcadores, podem ajudar a determinar quais pacientes podem se beneficiar de uma terapia adjuvante após o diagnóstico de câncer de nasofaringe avançado”. Esta é a observação da oncologista clínica da Oncologia D´Or e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Dra. Milena Mak, após analisar, atendendo o nosso convite, o estudo Metronomic capecitabine as adjuvant therapy in locoregionally advanced nasopharyngeal carcinoma: a multicentre, open-label, parallel-group, randomised, controlled, phase 3 trial, publicado na revista científica The Lancet.

Neste estudo multicêntrico, aberto, randomizado, controlado e de fase 3, participam 675 pacientes, de catorze hospitais na China, com diagnóstico de carcinoma nasofaríngeo locorregional avançado de alto risco confirmado histologicamente. Eles foram aleatorizados para receber capecitabina metronômica oral (204 participantes) ou terapia padrão (202). O desfecho primário foi a sobrevida livre de falha, definida como o tempo desde a randomização até a recorrência da doença (metástase à distância ou recorrência loco-regional) ou morte por qualquer causa, na população com intenção de tratar.
Após um acompanhamento médio de 38 meses, houve 29 (14%) eventos de recorrência ou morte no grupo de capecitabina e 53 (26%) eventos de recorrência ou morte no grupo de terapia padrão. A sobrevida livre de falhas em três anos foi significativamente maior no grupo de capecitabina metronômica (85,3%) do que no grupo de terapia padrão (75,7%). Portanto, a adição de capecitabina metronômica adjuvante à quimiorradioterapia melhorou significativamente a sobrevida livre de falha em pacientes com carcinoma nasofaríngeo avançado locorregionalmente de alto risco. No entanto, na opinião de Milena Mak, não necessariamente representa que este deve ser o novo padrão de tratamento.
Segundo a oncologista clínica, a partir desse resultado, em casos de carcinomas não-queratinizantes de alto risco, a relação risco benefício do uso dessa terapia deve ser discutida com o paciente. “Cautela é necessária por tratar-se de população asiática e submetida a diferentes regimes de terapia de indução”, ressalta Milena Mak, que também destaca o fato de 72% dos pacientes terem sido tratados com combinação de cisplatina e docetaxel na indução, um regime não estabelecido em estudos de fase III como a combinação de cisplatina e gencitabina ou cisplatina, docetaxel e 5-fluorouracil. Além disso, reforça Milena, houve uma taxa de descontinuação de 25% da terapia de manutenção e incidência não desprezível de eventos de síndrome mão-pé (58%).

Dra. Milena Mak conclui sua análise reforçando que o papel da adjuvância em carcinoma de nasofaringe não-queratinizante precisa ser mais bem esclarecido e que estudos futuros, com avaliação de biomarcadores, serão necessários para determinar a população que apresenta maior benefício deste tipo de intervenção.

Referência do estudo

Chen YP, Liu X, Zhou Q, Yang KY, Jin F, Zhu XD, Shi M, Hu GQ, Hu WH, Sun Y, Wu HF, Wu H, Lin Q, Wang H, Tian Y, Zhang N, Wang XC, Shen LF, Liu ZZ, Huang J, Luo XL, Li L, Zang J, Mei Q, Zheng BM, Yue D, Xu J, Wu SG, Shi YX, Mao YP, Chen L, Li WF, Zhou GQ, Sun R, Guo R, Zhang Y, Xu C, Lv JW, Guo Y, Feng HX, Tang LL, Xie FY, Sun Y, Ma J. Metronomic capecitabine as adjuvant therapy in locoregionally advanced nasopharyngeal carcinoma: a multicentre, open-label, parallel-group, randomised, controlled, phase 3 trial. Lancet. 2021 Jul 24;398(10297):303-313.

Disponível em:

https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(21)01123-5/fulltext

 

 

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