CasaPublicações CientíficasRevisão de 108 estudos das últimas três décadas aponta diretrizes para tratar pacientes com câncer de nasofaringe

Revisão de 108 estudos das últimas três décadas aponta diretrizes para tratar pacientes com câncer de nasofaringe

Uma pesquisa robusta que contempla revisões sistemáticas, meta-análises e ensaios clínicos publicados entre 1990 e 2020 define as diretrizes para se tratar pacientes com carcinoma de nasofaringe, um tipo raro de câncer, de difícil manejo clínico. A pesquisa bibliográfica identificou 108 estudos, sendo que cinco deles com questões clínicas abrangentes sobre radioterapia, sequência de quimioterapia, opções de quimioterapia concomitante (realizada com outra abordagem terapêutica), quimioterapia de indução (tratamento inicial) e quimioterapia adjuvante (após a cirurgia). Realizado por um painel de especialistas da Sociedade Chinesa de Oncologia Clínica (CSCO) e da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), o estudo Chemotherapy in Combination with Radiotherapy for Definitive-Intent Treatment of Stage II-IVA Nasopharyngeal Carcinoma: CSCO and ASCO Guideline foi publicado na revista científica Journal of Clinical Oncology, editada pela ASCO.

Os experts responsáveis por assinar essa diretriz debatem as principais questões a respeito do tratamento definitivo do carcinoma de nasofaringe nos estádios II a IV, fornecendo recomendações baseadas nos principais estudos dos últimos 30 anos com a proposta de auxiliar os oncologistas clínicos e radio-oncologista sobre as melhores evidências quanto ao uso de quimiorradioterapia. Os resultados de interesse incluíram sobrevida, controle de doença à distância e loco-regional e qualidade de vida do paciente.

A oncologista clínica do Hospital Integrado do Câncer da Rede Mater Dei de Saúde, Gabriela Freitas Chaves, ao analisar esse estudo a convite do GBCP, destaca que no trabalho há importantes questões clínicas sobre carcinoma de nasofaringe, a começar pelo papel do regime de radioterapia com intensidade modulada (IMRT). “Se possível, deve ser o de escolha para todos os pacientes, pois quando comparado com as técnicas bidimensional (2D) ou tridimensional (3D), mostrou-se superior em relação a toxicidade e eficácia do tratamento”, destaca Gabriela Chaves.

 

Demais evidências da diretriz
A revisão realizada pela CSCO e ASCO define também que para pacientes T2N0 a quimioterapia não é recomendada de rotina, mas pode ser considerada em casos com características adversas, como grandes volumes de tumor ou alto número de cópias de DNA de Vírus Epstein–Barr (EBV). Para pacientes com T1 ou T2 com N1, a quimioterapia concomitante a radioterapia deve ser oferecida, principalmente para T2N1.

Além disso, para pacientes com estágio III-IVA (exceto T3N0), sugere-se a quimioterapia de indução seguida de quimiorradioterapia concomitante. Em T3N0 indica-se quimiorradioterapia concomitante. Quimioterapia de indução ou adjuvante podem ser discutidas. Para pacientes com estágio III-IVA (exceto T3N0), que não receberam quimioterapia de indução, sugere-se quimioterapia adjuvante após a quimiorradioterapia. A classificação dos tumores, em todos os casos, é feita a partir da 8ª edição do AJCC.

 

Indicações de regimes de quimioterapia
O regime de escolha para quimiorradioterapia consiste em cisplatina semanal ou a cada 21 dias, caso o paciente não apresente contraindicações. Para regimes de indução sugere-se protocolos à base de platina (GP, TPF, PF, PX) de dois a três cliclos, sendo que o início da quimiorradioterapia deve ocorrer em 21-28 dias a partir do primeiro dia do último ciclo de quimioterapia de indução.

Para todos os pacientes recebendo quimioterapia adjuvante, sugere-se: cisplatina; 5-fluorouracil, infusão intravenosa contínua ou infusão contínua intravenosa. Para os pacientes com contraindicação à cisplatina, a carboplatina (AUC 5) pode ser combinada com 5-fluorouracil. Para os pacientes com contraindicação a platinas, o uso de regimes não baseados em platina permanece experimental e não deve ser oferecido rotineiramente fora do contexto de um ensaio clínico.

 

Referência do estudo

Chen YP, Ismaila N, Chua MLK, Colevas AD, Haddad R, Huang SH, Wee JTS, Whitley AC, Yi JL, Yom SS, Chan ATC, Hu CS, Lang JY, Le QT, Lee AWM, Lee N, Lin JC, Ma B, Morgan TJ, Shah J, Sun Y, Ma J. Chemotherapy in Combination With Radiotherapy for Definitive-Intent Treatment of Stage II-IVA Nasopharyngeal Carcinoma: CSCO and ASCO Guideline. J Clin Oncol. 2021 Mar 1;39(7):840-859.

Disponível em https://ascopubs.org/doi/pdf/10.1200/JCO.20.03237

 

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