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Estudo avalia qual a margem de tecido ideal a ser retirado em casos de carcinoma espinocelular oral

Um estudo brasileiro realizado por pesquisadores do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia e do Departamento de Patologia do A.C.Camargo Cancer Center avaliou qual é a margem ideal de retirada de tecido ao redor do tumor para se diminuir o risco de recidiva (volta da doença) em casos de carcinoma espinocelular oral, o tipo mais comum de câncer de boca.




O trabalho The impact of worst pattern of invasion on the extension of surgical margins in oral squamous cell carcinoma foi publicado na Head & Neck - Journal for the Sciences & Specialties of the Head and Neck.


O objetivo dos autores foi avaliar o impacto do pior padrão de invasão (WPOI) na extensão das margens cirúrgicas no carcinoma espinocelular. Reuniram uma coorte retrospectiva de 772 pacientes com pior padrão de invasão (WPOI) graduado de 1 a 5, sendo que a recorrência local foi o desfecho de interesse.


Os resultados apontam que a recidiva local ocorreu em 164 pacientes (21,2%). “Esta incidência é comparável a outras séries da literatura. Porém, temos de lembrar que a recidiva local é um fator de risco para morte por câncer e, portanto, devemos tentar diminuí-la”, ressalta o cirurgião oncológico de Cabeça e Pescoço do A.C.Camargo Cancer Center, Dr. Hugo Fontan Kohler, coautor do estudo.


Os piores padrão de invasão (WPOI) são dos tipos 4 e 5, nos quais se demonstra que o tumor consegue penetrar no tecido do paciente de forma mais dispersa e profunda, o que dificulta a remoção cirúrgica. Comparativamente, os autores mostram que em pacientes com WPOI tipos 1/2/3, um ponto de corte de 1,7 mm foi considerado a extensão de margem ideal. Por sua vez em pacientes com WPOI tipos 4/5, o ponto de corte foi de 7,8 mm. De acordo com Dr. Hugo, pacientes abaixo desses limiares, ou seja, que não tiveram essa margem retirada, tiveram uma incidência significativamente maior de recorrência local.

 

O que pode mudar na avaliação de margem segura?

 

Antes deste estudo, a literatura não diferenciava a margem pelo padrão de invasão. Na verdade, considerava vários valores como margem adequada vários valores. O que o estudo mostra agora é que a margem cirúrgica depende do tipo de tumor e de sua agressividade. “Isto não havia sido demonstrado antes. Permite que sejamos capazes de individualizar o quanto de tecido em torno do tumor é removido para cada situação. Podendo ser mais, em tumores mais agressivos, ou menos, em tumores menos agressivos. No primeiro caso, diminuindo a chance de recidiva. No segundo, diminuindo a morbidade do procedimento”, explica o cirurgião.


O próximo passo é avaliar, neste perfil de pacientes, os motivos pelos quais tanto a cirurgia quanto a radioterapia adjuvante (feita após a cirurgia) não melhoraram a taxa de sobrevida global.

 

Referência do estudo


Köhler HF, Vartanian JG, Pinto CAL, da Silva Rodrigues IFP, Kowalski LP. The impact of worst pattern of invasion on the extension of surgical margins in oral squamous cell carcinoma. Head Neck. 2021 Dec 14.


Disponível em: 

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