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Estudo aponta que quimioterapia antes da cirurgia preservou a mandíbula em 47% dos casos

Um estudo clínico de fase II, randomizado, realizado por pesquisadores do Tata Memorial Hospital e publicado na revista científica Journal of Clinical Oncology (JCO), da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), aponta que a quimioterapia neoadjuvante (NACT) é eficaz em reduzir o tamanho do tumor antes da cirurgia, contribuindo para a preservação de mandíbula em pacientes com diagnóstico de carcinoma de células escamosas da cavidade oral com doença de avançada - estadiamento T2 a T4, com até um linfonodo comprometido e sem metástase.



O trabalho intitulado Prospective Phase II Open-Label Randomized Controlled Trial to Compare Mandibular Preservation in Upfront Surgery With Neoadjuvant Chemotherapy Followed by Surgery in Operable Oral Cavity Cancer mostrou que, ao aplicar o braço de intervenção com NACT, houve preservação mandibular em 16 dos 34 pacientes (47%), com toxidades aceitáveis e nenhum comprometimento na sobrevivência. No entanto, afirmam os autores, este resultado precisa ser validado em um estudo randomizado, com coorte maior, de fase III.


Convidado pelo GPCP para comentar este estudo, o cirurgião oncológico de cabeça e pescoço, Dr. Thiago Celestino Chulam, Head do Departamento de Prevenção e Diagnóstico Precoce do A.C.Camargo Cancer Center, contextualiza que o câncer de cavidade oral é um dos principais tipos de neoplasias entre homens no Brasil e no mundo e seu tratamento continua tendo na cirurgia o principal pilar. Por conta disso, explica, a depender do estadiamento e da topografia, ressecções mandibulares são necessárias, uma vez que o conceito de margem de segurança deve ser sempre respeitado, segundo ele, para que se atinja os melhores níveis de controle oncológico.


“Isso se mostra ainda mais relevante quando vemos que 75% dos pacientes com tumores de cavidade oral são diagnosticados com doença avançada e, em muitas ocasiões, é necessária a ressecção mandibular marginal ou mesmo segmentar”, comenta.


Na avaliação do Dr. Thiago Chulam, ao explorar a possibilidade de usar quimioterapia neoadjuvante com docetaxel, cisplatina, 5-flurouracil neste subgrupo de pacientes que deveriam, - caso fossem conduzidos por cirurgia já num primeiro momento - serem submetidos a mandibulectomia segmentar, os autores conseguiram mostrar que essa estratégia é factível. Por sua vez, ele afirma que é importante destacar que se trata de estudo de fase II com casuística mensurada para um desfecho que previa uma diferença de 30% para o braço intervenção.


“Para concluirmos a semelhança, principalmente para os quesitos de curvas de sobrevida, precisaremos de uma casuística mais robusta que possa nos tranquilizar quanto a isso. Como a casuística é limitada e de uma única instituição, a análise de fase III, com número maior de pacientes e com múltiplos centros, poderemos identificar eventuais subgrupos que possam se beneficiar – mais que outros, da estratégia proposta”, avalia.


Por fim, o especialista analisa que o principal mérito do trabalho está em propor a possibilidade de preservação de órgão mesmo que, por enquanto, ainda não substitua a conduta padrão, que é a cirurgia up-front. “De fato, após um estudo de fase 3 com números robustos que respondam de forma adequada, principalmente as questões relacionadas às curvas de sobrevida e tolerância a toxicidade, poderemos pensar em readequar nossa conduta e oferecer algo que possa propiciar melhores resultados de qualidade de vida aos nossos pacientes, com a mesma segurança oncológica”.


Referência do estudo

Chaukar D, Prabash K, Rane P, Patil VM, Thiagarajan S, Ghosh-Laskar S, Sharma S, Pai PS, Chaturvedi P, Pantvaidya G, Deshmukh A, Nair D, Nair S, Vaish R, Noronha V, Patil A, Arya S, D'Cruz A. Prospective Phase II Open-Label Randomized Controlled Trial to Compare Mandibular Preservation in Upfront Surgery With Neoadjuvant Chemotherapy Followed by Surgery in Operable Oral Cavity Cancer. J Clin Oncol. 2022 Jan 20;40(3):272-281.


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