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Estudo de fase 2 mostra benefício da reirradiação com IMRT associada com imunoterapia

Tendo como participantes elegíveis 51 pacientes com câncer recorrente ou secundário primário de cabeça e pescoço, um estudo não randomizado de fase 2, publicado na revista JAMA Oncology por pesquisadores de centros norte-americanos, aponta que a reirradiação com a técnica de intensidade modulada (IMRT) associada com nivolumabe apresentou uma melhora promissora na sobrevida livre de progressão quando se compara com os controles históricos.


podcast conexão cabeça e pescoço

A abordagem proposta se mostrou bem tolerada e, segundo os autores, merece nova avaliação. O estudo Intensity-Modulated Reirradiation Therapy With Nivolumab in Recurrent or Second Primary Head and Neck Squamous Cell Carcinoma: A Nonrandomized Controlled Trial é tema do episódio 20 do podcast Conexão Cabeça e Pescoço, em formato de pílula, do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP).


Os participantes tinham idade mediana de 62 anos, sendo 42 [82%] do sexo masculino. Na amostra, seis [12%] tinham doença p16+; 38 [75%] tiveram cirurgia de resgate e 36 [71%.] tiveram esvaziamento cervical. Com um acompanhamento mediano de 24,5 meses, a sobrevida livre de progressão estimada em um ano foi de 61,7%. O evento adverso de grau 3 ou superior relacionado ao tratamento mais comum ocorrido em 6 [12%] foi linfopenia (número baixo de linfócitos). Houve também relatos de colite (inflamação do intestino grosso), diarreia, miosite (inflamação muscular), náusea, mucosite (inflamação da mucosa gastrointestinal) e miastenia grave (doença autoimune que afeta nervos e músculos). 

 

O nivolumabe é uma imunoterapia. Consiste em um anticorpo monoclonal que atua bloqueando a ação da proteína PD-1, que impede o sistema imunológico de atacar células cancerígenas. A radioterapia de intensidade modulada é uma modalidade na qual a radiação é emitida com feixes diretamente no tumor, com doses calculadas previamente, preservando as células saudáveis.

 

Convidado para comentar o estudo, Gilson Gabriel Viana Veloso, oncologista clínico do Grupo Oncoclínicas, em Belo Horizonte e coordenador da Residência Médica de Oncologia da Santa Casa de Belo Horizonte, ressalta que chamou a sua atenção o racional do estudo, que traz a preocupação de que, em torno de 30% a 40% dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço, vão ter um padrão de recorrência locorregional, abordando esses pacientes com foco em tratamento cirúrgico de salvamento, possibilidade de reirradiação e, tendo em vista, toxicidades atreladas a essa nova radioterapia e, ao mesmo tempo, viram qual tratamento combina com essa reirradiação.  


“Foi interessante o desenho do estudo em relação à administração do nivolumabe, porque eles entram com uma indução de nivolumabe duas semanas antes do início da radioterapia, seguida de mais quatro doses concomitantes à radioterapia. Posteriormente essas doses de nivolumabe são feitas também até o final de adjuvância, completando um ano de tratamento”, analisa. Dentre os critérios de inclusão, ressalta Veloso, chama a atenção também que o paciente tem que ter tido um intervalo maior do que dois anos da radioterapia anterior e a dose mínima recebida tem que ter sido de pelo menos 40 grays. “Além disso, pelas avaliações clínicas, o paciente tinha que ter uma expectativa de vida superior a seis meses para poder ser randomizado ao tratamento”, complementa. Como ponto negativo, o convidado pelo GBCP afirma que há um potencial viés de seleção quando se exclui os pacientes sem intenção curativa.


O papo completo, com mediação da oncologista clínica Aline Lauda, está disponível em episódio do Conexão Cabeça e Pescoço, o podcast, em formato de pílulas, do GBCP.



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Referência do estudo


Saba NF, Wong SJ, Nasti T, McCook-Veal AA, McDonald MW, Stokes WA, Anderson AM, Ekpenyong A, Rupji M, Abousaud M, Rudra S, Bates JE, Remick JS, Joshi NP, Woody NM, Awan M, Geiger JL, Shreenivas A, Samsa J, Ward MC, Schmitt NC, Patel MR, Higgins KA, Teng Y, Steuer CE, Shin DM, Liu Y, Ahmed R, Koyfman SA. Intensity-Modulated Reirradiation Therapy With Nivolumab in Recurrent or Second Primary Head and Neck Squamous Cell Carcinoma: A Nonrandomized Controlled Trial. JAMA Oncol. 2024 Jul 1;10(7):896-904.  

 


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