O tratamento do câncer de tireoide tem mudado radicalmente nos últimos anos, tanto do ponto de vista de abordagem cirúrgica que tem mudado as condutas, quanto do ponto de vista de tecnologias disponíveis.
Felizmente, há novidades no tratamento do câncer de tireoide que convergem principalmente para a preservação da glândula em casos iniciais. Existem também novas técnicas para aumentar as chances de sucesso para tratar tumores mais avançados.
Para entender melhor como estão as novidades, conversamos com o Dr. Erivelto Volpi, cirurgião de cabeça e pescoço e especialista no tratamento de doenças da tireoide e paratireoide.
Confira:
O tratamento do câncer de tireoide tem mudado radicalmente nos últimos anos, tanto do ponto de vista de abordagem cirúrgica que tem mudado as condutas, quanto do ponto de vista de tecnologias disponíveis.
Hoje nós temos tecnologias que tornam a cirurgia muito mais segura, entre elas o sistema de monitoramento de nervos, que temos há mais de 15 anos no Brasil, e novas versões de equipamentos mais modernos. Além disso, nós temos agora a nova tendência, que é a utilização dos o sistema de fluorescência intraoperatória para a identificação das paratireoides.
Em termos de abordagem cirúrgica, também, o que nós temos são as tireoidectomias endoscópicas e robóticas, que são aqueles acessos que evitam a cicatriz no pescoço, que chamamos de extracervicais, feitos principalmente pela cavidade oral.
Mas, na realidade, a grande inovação no tratamento cirúrgico dos tumores malignos de tireoide, e que está realmente quebrando alguns paradigmas, são os tratamentos por termoablação, especialmente as feitas por radiofrequência e por micro-ondas.
Esse tipo de tratamento é realmente inovador, porque ele permite, em casos selecionados, evitar a cirurgia e tratar sem a necessidade de internar o paciente, de anestesia geral ou de cortes no pescoço. Mais do que isso, é possível um tratamento focado no tumor, preservando a glândula tireoide e a qualidade de vida dos pacientes.
Evidentemente isso é mais voltado para tumores iniciais, de até 1 a 1,5 centímetro, e que foram diagnosticados como carcinomas diferenciados de tireoide (CDT), chamados também de carcinomas papilares e foliculares. Uma parte significativa dos diagnósticos de tumores malignos de tireoide são desse grupo e com menos de 1 centímetro, portanto a termoablação tem realmente beneficiado os pacientes.
A grande vantagem da termoablação é a preservação do tecido sadio da tireoide e
evitar a necessidade da reposição hormonal, ou seja, de que o paciente tenha que tomar remédio para o resto da vida. Inclusive, a imensa maioria dos pacientes que procuram pela termoablação estão interessados em não precisar tomar hormônio para o resto da vida. E além disso, a termoablação ainda proporciona a mesma efetividade da cirurgia convencional.
Nos casos de tumores mais avançados, o desenvolvimento das tecnologias operatórias, com equipamentos mais sofisticados, possibilitou cirurgias mais amplas e assertivas, além de preservar um pouco mais da qualidade de vida do paciente. Os acessos extracervicais também são importantes para esses casos avançados de câncer na tireoide, assim como técnicas para preservar as paratireoides, monitoramento de nervos, entre outros.
Tudo isso somado aos tratamentos adjuvantes, principalmente com os novos medicamentos quimioterápicos disponíveis no mercado, faz com que tenhamos terapias sistêmicas cada vez melhores.
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