Streptococcus salivarius K12 pode ajudar a prevenir mucosite em pacientes com câncer de cabeça e pescoço
- gbcpcomunicacao

- 28 de jul.
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O uso da cepa probiótica Streptococcus salivarius K12, conhecida como SsK12, pode reduzir significativamente a incidência e a gravidade da mucosite oral (MO) em pacientes com câncer de cabeça e pescoço submetidos à radioterapia, com um bom perfil de segurança.

É o que aponta o estudo prospectivo, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, publicado no Journal of Clinical Oncology (JCO) por pesquisadores do Hospital de Estomatologia da Universidade de Sichuan, na China.
Tema do episódio #28 do podcast Conexão Cabeça e Pescoço, uma produção do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP), o estudo aponta esse probiótico como sendo uma intervenção simples, segura e promissora pode ajudar a prevenir uma das complicações mais frequentes e debilitantes em pacientes com câncer de cabeça e pescoço, que é a mucosite oral.
Conduzida pela oncologista Aline Lauda, diretora do GBCP, a conversa contou com a participação de Renata Lemos Ferrari, estomatologista da Oncoclínica Minas Gerais e líder nacional da especialidade no Grupo Oncoclínicas.
O estudo: 160 pacientes com câncer de cabeça e pescoço
Um total de 160 pacientes com tumores malignos de cabeça e pescoço foram submetidos à radioterapia adjuvante definitiva ou pós-operatória foram aleatoriamente designados para receber o probiótico SsK12 ou placebo (80 pacientes em cada braço) no Hospital da China Ocidental, da Universidade de Sichuan. Os pacientes foram instruídos a chupar pastilhas de SsK12 ou placebo três vezes ao dia, do início ao fim da radioterapia (RT). A mucosite oral (MO) foi avaliada duas vezes por semana durante a RT e, após, uma vez por semana, por até 8 semanas. O desfecho primário foi a incidência de MO.
Os resultados apontam que a incidência de mucosite grau 3 ou 4 caiu de 54% no grupo controle para 36% no grupo que recebeu o probiótico. Além disso, houve atraso no início dos sintomas e redução de sua duração, com tendência à menor necessidade de analgésicos e suporte nutricional. Os eventos adversos foram semelhantes entre os grupos, e reações gastrointestinais leves ou moderadas (flatulência e dispepsia) associadas às pastilhas foram observadas em dois pacientes no grupo SsK12. Os resultados do sequenciamento de alto rendimento indicaram que a SsK12 inibiu patógenos oportunistas e enriqueceu os comensais orais durante a RT.
De acordo com Renata Ferrari o diferencial do estudo está no uso de um probiótico com propriedades antimicrobianas e anti-inflamatórias locais, o que reforça o potencial da intervenção como parte de protocolos preventivos, desde que mais estudos multicêntricos confirmem os resultados. A convidada do episódio também levantou uma ressalva sobre a composição do placebo, feito com açúcar e amido, que podem interferir nos resultados. Ela destacou ainda o avanço do Brasil em outras estratégias, como a fotobiomodulação (laserterapia), que já tem demonstrado eficácia na prevenção e alívio dos sintomas da mucosite.
Renata também compartilhou detalhes de seu estudo de doutorado, que investiga a relação entre vírus da família herpesviridae e o desenvolvimento de mucosite oral, além de avaliar o uso profilático do antiviral valaciclovir. Os resultados devem ser divulgados até 2026. Por fim, ambas as especialistas reforçam que, embora os dados atuais sejam animadores, é fundamental manter o olhar científico atento, investindo em novas pesquisas com probióticos e outras abordagens de suporte baseadas em evidências. “Estamos cuidando melhor das pessoas, não só tratando a doença”, conclui Renata.
O papo completo está disponível em episódio do Conexão Cabeça e Pescoço, o podcast, em formato de pílulas, do GBCP.
OUÇA O PODCAST
Referência do estudo
Peng X, Li Z, Pei Y, Zheng S, Liu J, Wang J, Li R, Xu X. Streptococcus salivarius K12 Alleviates Oral Mucositis in Patients Undergoing Radiotherapy for Malignant Heopen.spotify.com/episode/3mCUWKKZUhFpkNQMWPyMP1ad and Neck Tumors: A Randomized Controlled Trial. J Clin Oncol. 2024 Apr 20;42(12):1426-1435.
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