Em estudo clínico de não inferioridade, a radioterapia isoladamente não foi inferior a quimioterapia em termos de sobrevida em três anos para pacientes com câncer de nasofaringe nos estágios III a IVB.
Esta é a conclusão de ensaio clínico randomizado publicado por pesquisadores de centros da China na revista JAMA Oncology. Para chegar a esse resultado, os autores investigaram 383 indivíduos e as taxas de sobrevida livre de progressão em três anos foram superiores a 70%. O estudo Induction Chemotherapy Followed by Radiotherapy vs Chemoradiotherapy in Nasopharyngeal CarcinomaA Randomized Clinical Trial é tema do episódio 21 do podcast Conexão Cabeça e Pescoço, em formato de pílula, do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP).
Convidado para comentar o estudo, Marcos Magalhães Filho, oncologista clínico na Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP) no grupo de câncer de Pulmão e Tumores de Cabeça e Pescoço, confidencia que ficou feliz por ter sido esse o estudo escolhido para análise pois, desde a primeira vez que o leu, ficou impressionado com os resultados. “Havia aquele número cabalístico de 10%, que todo mundo falava, do ganho da indução seguida da quimioterapia”, comenta.
Com essa melhora na sobrevida, afirma Magalhães Filho, foram levantadas novas perguntas. Uma delas se refere às escolhas para critério de inclusão. “O critério foi aquele básico de pacientes de 18 a 70 anos, com um tumor não queratinizante confirmado histologicamente e não tratado previamente. Eles não falavam se era diferenciado ou não”, questiona o especialista, que fala no episódio sobre outras questões metodológicas do estudo.
O objetivo primário do estudo foi sobreviva livre de progressão em três anos. “Uma escolha interessante, porque quando falamos de tratamento curativo, eu acho que um tempo um pouco maior é interessante para determinar os resultados”, avalia Magalhães Filho. No trabalho, um total de 383 pacientes foi acompanhado por uma mediana de 76 meses. A sobrevida livre de progressão em 3 anos foi de 76,2% e 76,8% nos grupos de indução de quimioterapia e radioterapia (IC-RT) e indução de quimioterapia associada com quimiorradioterapia concorrente (IC-CCRT), respectivamente, na população com intenção de tratar, mostrando uma diferença de 0,6%.
Resultados idênticos foram relatados na população por protocolo. A incidência de efeitos tóxicos de curto prazo de grau 3 a 4 no grupo IC-RT foi menor do que no grupo IC-CCRT. Não foram observadas diferenças nos efeitos tóxicos tardios. Os desfechos secundários foram sobrevida global, sobrevida livre de falha locorregional, metástase à distância, taxa de resposta, efeito tóxico etc.
O papo completo, com mediação da oncologista clínica Aline Lauda, está disponível em episódio do Conexão Cabeça e Pescoço, o podcast, em formato de pílulas, do GBCP.
OUÇA O PODCAST
Referência do estudo
Dai J, Zhang B, Su Y, Pan Y, Ye Z, Cai R, Qin G, Kong X, Mo Y, Zhang R, Liu Z, Xie Y, Ruan X, Jiang W. Induction Chemotherapy Followed by Radiotherapy vs Chemoradiotherapy in Nasopharyngeal Carcinoma: A Randomized Clinical Trial. JAMA Oncol. 2024 Apr 1;10(4):456-463. doi: 10.1001/jamaoncol.2023.6552. Erratum in: JAMA Oncol. 2024 Apr 1;10(4):541.
Disponível em:
Comments