Com sensibilidade de 100% e especificidade acima de 90%, testes moleculares mostram alta acurácia diante de nódulos de tireoide
Com mais de 14 mil casos previstos para 2023 no Brasil, os tumores malignos na glândula tireoide representam o quinto câncer mais incidente nas brasileiras. O desafio está em determinar quais são as lesões que demandam intervenções mais agressivas.
Para tanto, é importante classificar com precisão os nódulos tireoidianos, evitando assim que pacientes sejam, por exemplo, operados "desnecessariamente" para um nódulo benigno.
Com a proposta de explorar o novo valor diagnóstico de biomarcadores de impressão epigenética em nódulos tireoidianos, os autores do estudo multicêntrico chinês “High Diagnostic Accuracy of Epigenetic Imprinting Biomarkers in Thyroid Nodules”, publicado no Journal of Clinical Oncology (JCO), apresentou evidências da acurácia para o diagnóstico de câncer de tireoide por meio de hibridização in situ de genes imprintados cromogênicos quantitativos (QCIGISH), um método de diagnóstico inovador e revolucionário, baseado em epigenética.
A hibridização foi usada para avaliar a expressão alélica dos genes imprintados SNRPN e HM13, com base nos quais foi desenvolvido um modelo de classificação diagnóstica para nódulos tireoidianos. No total, foram recrutados consecutivamente - em oito centros médicos - 550 pacientes, submetidos à aspiração por agulha filha (PAF) para confirmação histopatológica de nódulos da tireoide.
Os resultados mostraram que, para malignidade da tireoide, o teste QCIGISH alcançou uma sensibilidade diagnóstica geral de 100%, especificidade de 91,5%, valor preditivo positivo (VPP) de 96,5% e valor preditivo negativo (VPN) de 100% na validação prospectiva, com acurácia diagnóstica de 97,5%.
O QCIGISH demonstrou um VPP de 97,8% e VPN de 100%, com uma precisão diagnóstica de 98,2% para nódulos indeterminados de tireoide. O QCIGISH apresentou também um VPP de 96,6% e um VPN de 100%, com uma precisão diagnóstica de 97,5 para Bethesda III-IV. Para Bethesda VI, o QCIGISH mostrou uma precisão de 100%.
Alto custo é entrave
Para comentar o estudo, o convidado pelo GBCP é o médico endocrinologista Helton Ramos, doutor em endocrinologia pela UNIFESP, pesquisador de pós-doutorado em Endocrinologia e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA): “O principal ganho foi avaliar através de uma metodologia nova. Só que um teste de diagnóstico molecular nem sempre é necessário. Com avaliação citológica bem feita, não precisamos utilizá-lo até mesmo nos nódulos com citologia indeterminada”, pontua. Para Ramos, esses testes têm um alto custo no mercado.
Independentemente do alto custo, os autores reforçam que a metodologia baseada em biomarcadores de <em>imprinting</em>, pode efetivamente distinguir nódulos tireoidianos malignos de benignos. Segundo eles, o alto VPP e NPV tornam o teste uma excelente ferramenta de diagnóstico de inclusão e exclusão. Terá, afirmam, um impacto clínico significativo, ao mesmo tempo que exclui pacientes de cirurgias ou outros tratamentos desnecessários. Além disso, com tal desempenho diagnóstico e sua simplicidade técnica, este novo teste molecular da tireoide se mostra clinicamente amplamente aplicável.
Toda a pesquisa também foi comentada em episódio do Conexão Cabeça e Pescoço, o podcast, em formato de pílulas, do GBCP.
Confira:
Referência do estudo
Xu H, Zhang Y, Wu H, Zhou N, Li X, Pineda JP, Zhu Y, Fu H, Ying M, Yang S, Bao J, Yang L, Zhang B, Guo L, Sun L, Lu F, Wang H, Huang Y, Zhu T, Wang X, Wei Q, Sheng C, Qu S, Lv Z, Xu D, Li Q, Dong Y, Qin J, Cheng T, Xing M. High Diagnostic Accuracy of Epigenetic Imprinting Biomarkers in Thyroid Nodules. J Clin Oncol. 2023 Feb 20;41(6):1296-1306. doi: 10.1200/JCO.22.00232. Epub 2022 Nov 15.
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