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Quebra de paradigma no tratamento de câncer de cabeça e pescoço

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    gbcpcomunicacao
  • há 9 minutos
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Pesquisa apresentada em plenária da ASCO 2025 mostra resultados positivos da  imunoterapia adjuvante no tratamento de pacientes com carcinoma espinocelular localmente avançado de câncer de cabeça e pescoço e alto risco de recidiva.

 

Dra. Marina Xavier Reis, médica oncologista da Oncoclínicas e do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE/UERJ).
Dra. Marina Xavier Reis, médica oncologista da Oncoclínicas e do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE/UERJ).

Um dos destaques da ASCO 2025 na área de câncer de cabeça e pescoço foi o NIVOPOSTOP (GORTEC 2018-1), que conquistou lugar na plenária do evento, onde são apresentados os estudos mais relevantes do ano na oncologia. “Por muito tempo, cerca de 20 anos,  não tivemos uma pesquisa de tanto impacto referente ao tratamento do carcinoma espinocelular de câncer de cabeça e pescoço localmente avançado”, afirma Dra. Marina Xavier Reis, médica oncologista da Oncoclínicas e do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE/UERJ).

 

O NIVOPOSTOP foi um ensaio clínico de fase III, multicêntrico, randomizado e aberto, realizado com objetivo de avaliar se há benefícios na inclusão do imunoterápico nivolumabe no tratamento padrão com quimiorradioterapia, após ressecção cirúrgica desses tumores, em pacientes com alto risco de recidiva. “Antes desse estudo,  a imunoterapia em câncer de cabeça e pescoço estava sendo utilizada apenas no cenário da doença metastática recidivada. Os resultados do NIVOPOSTOP representaram uma quebra de paradigma”, avalia.

 

Participaram dessa pesquisa 680 pacientes, com carcinoma escamoso da cavidade oral, orofaringe, hipofaringe ou laringe, que haviam passado por cirurgia com objetivo curativo, todos com alto risco de recidiva. Desses pacientes, 346 foram inclusos no braço experimental do estudo e receberam nivolumabe adjuvante após cirurgia, seguido por nivolumabe associado à quimorradioterapia e, na sequência, nivolumabe de manutenção. No total, foram oito meses de tratamento. O grupo controle contou com 334 pacientes tratados apenas com quimiorradioterapia padrão.

 

Após seguimento de 30,3 meses, os benefícios foram significativos para os pacientes tratados com nivolumabe. A taxa de sobrevida livre de doença em três anos foi de 63,1% no braço experimental e 52,5% no braço padrão, representando uma redução de 24% no risco de recidiva ou morte. “São resultados que, certamente, abrem caminho para que possamos associar o nivolumabe ao tratamento de doenças em fase inicial”, afirma Dra. Marina.

 

Outro ponto importante, destacado pela especialista, diz respeito à toxidade do novo protocolo de tratamento, um aspecto que costuma preocupar médicos, pacientes e familiares. O estudo mostrou que não houve incremento significativo da toxidade com a adição da imunoterapia. “Os eventos mais comuns relacionados à toxidade estavam ligados à radioterapia. Foram pouquíssimos pacientes que tiveram alguma toxidade imunomediada. Quando isso aconteceu foram alterações na tireoide e nos rins e as taxas foram bem pequenas. Portanto é um tratamento seguro do ponto de vista oncológico”, informa.

 

Para Dra. Marina, também foi importante o estudo apresentar dentro do grupo de pacientes participantes uma parcela significativa de portadores de carcinoma da cavidade oral, que são os que têm maior taxa de recorrência, a maioria deles fumantes e ex-fumantes.  “Isso demonstra que realmente essa pesquisa contemplou pacientes de altíssimo risco. O perfil populacional foi muito bem representado no que se refere a nossa prática clínica”, conclui.

 

Para a especialista, mesmo a terapia ainda não estando aprovado no Brasil para uso no cenário pós-operatório, o NIVOPOSTOP abriu espaço para uma nova estratégia de tratamento para pacientes com carcinoma espinocelular de câncer de cabeça e pescoço localmente avançado, com expectativas de resultados promissores.

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