Julho Verde 2022 - Janete Canuto: Tive câncer de nasofaringe: perda de audição foi o sinal que me alertou
Meu nome é Janete Aparecida Canuto, tenho 33 anos, sou casada e moro em Sete Lagoas, Minas Gerais. Eu me considero uma pessoa caseira. Gosta de ler a bíblia e ver novidades sobre moda e cosméticos.
Fui diagnosticada com um câncer de nasofaringe em 2020. Não fiquei abatida e passei a dar mais valor ao que realmente importa e deixar a doença um pouco de lado.
Tudo é transitório, tudo passa. O câncer é uma doença como qualquer outra e eu escolhi passar por ela e buscar a cura. O emocional fica um pouco abalado, mas Deus trouxe muita força. E hoje estou aqui para contar minha história.
O ponto de alerta com a perda da audição
Eu trabalho no laboratório como técnica e utilizo muito o telefone no dia a dia. Uma vez reparei que minha audição direita diminuiu, com a sensação de que o ouvido estava entupido. Até desentupia depois de abrir a boca, mas um dia essa sensação não passou mais.
Achei isso muito estranho e ouvia cada vez mais baixinho. Meu marido até pensou no começo que fosse drama, mas buscamos a opinião de um médico. O otorrinolaringologista começou a investigar com exames e estudou meu histórico. Conversou com minha avó, que foi quem me criou, e ela contou que desde criança eu roncava.
Saiu o resultado dos exames que fiz em 2019 e minha audição estava 40% comprometida. No ano seguinte, em um novo exame, chegou a 86% de comprometimento. O médico viu que era uma adenoide e queria fazer a cirurgia para removê-la, porém, por causa da covid-19, por não ser uma cirurgia de emergência, tivemos que adiar.
Quando acabou o pico da pandemia, finalmente foi feita a cirurgia com a realização de uma biópsia. Eu fiquei tranquila e não me preocupei com o resultado. Passou mais de 20 dias que estava pronto e o laboratório entrou em contato para fazer uma pesquisa de satisfação. Foi aí que me lembrei do resultado e entrei na internet. Para minha surpresa, o diagnóstico foi um câncer de nasofaringe.
Uma notícia inesperada
Quando vi que era câncer, fiquei muito preocupada. No primeiro momento me senti impotente, mas decidi que iria seguir e fazer o tratamento.
Uma amiga minha mostrou o resultado para o médico e ele não imaginava que se tratava de um câncer de nasofaringe.
Então, me encaminhou para uma especialista em oncologia de cabeça e pescoço para a definição do tratamento, em um local que tenho uma curiosa história: eu trabalho em um laboratório no centro da cidade e começaram a fazer uma obra próxima ao local.
Da janela da minha sala eu perguntei a um pedreiro o que seria construído ali e ele me disse que seria uma clínica. Justamente o lugar onde fiz meu tratamento contra o câncer.
Uma nova rotina
Durante o tratamento tive o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar maravilhosa, com profissionais que me acolheram e passaram muita segurança. Eu passei por 13 sessões de quimioterapia e 35 de radioterapia.
Durante o tratamento, tem dias que estamos bem e mais fortes, em outros ficamos mais para baixo. Em alguns momentos não tinha vontade nem de pegar o celular para responder mensagem. E teve um único dia que chorei, quando nenhuma água parava no organismo. Mas os médicos fizeram de tudo para amenizar o quadro.
Apoio quando mais precisava
Durante todo o processo que fiquei em tratamento, meu cãozinho, amor da minha vida, Raika, ficou ao meu lado o tempo todo. Dizem que os animais têm um amor enorme, e isso ele sempre me trouxe. Uma amiga minha fazia até chamada de vídeo durante as sessões de quimioterapia. Eu conversava com ela o tempo inteirinho, nem percebia o processo.
Eu moro no fundo da casa da minha avó, que hoje tem 87 anos e foi quem me criou.
Ela me deu muita força nesse momento e sempre cuidou de mim, assim como minha mãe, meu marido e outras pessoas próximas de mim. Minha família ficou um pouco preocupada, porque a maioria das pessoas assustam quando descobrem que alguém está com câncer, mas todos me deram muita força e sempre mandavam mensagem para saber como eu estava.
Sentimento de liberdade
Tive uma grande alegria quando voltei ao trabalho: minha equipe até preparou uma surpresa maravilhosa, com bolo e tudo. Esse retorno trouxe uma sensação de liberdade, pois durante o tratamento a gente se sente um pouco presa.
Os meses em que estive afastada pareciam que iriam demorar demais, mas tudo já passou. Foi uma experiência única para a minha vida e que mostrou a importância de entender os sinais do corpo, de perceber e correr atrás com força de vontade e fé.
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